Crítica | O Predador: A Caçada

O Predador: A Caçada
(Prey)
Data de Lançamento: 05/08/2022
Direção: Dan Trachtenberg
Distribuição: Hulu

Quinto filme da franquia Predador – sétimo se contarmos os dois crossovers com Alien -, O Predador: A Caçada (2022) propõe uma abordagem temporal diferente. No lugar de se passar no tempo presente, a história volta ao início do século XVIII, para nos contar da primeira vez que um predador pisou na Terra. O resultado dessa empreitada é fascinante.

A última incursão na saga havia sido em 2018. O Predador (2018) não é um grande filme. Arriscou muito pouco na narrativa, preferindo ficar em território conhecido. Quatro anos depois, uma proposta inusitada nos reapresenta o alienígena caçador. A Bruxa (2017) e O Farol (2019), para citar dois exemplos mais recentes, nos mostraram que horror e uma ambientação “de época” convivem muito bem.

Naru é uma comanche que tenta se provar uma guerreira. Ela está em busca de completar o ritual de kühtaamia, ou seja, caçar algo que a está caçando de volta. Nada poderia ser mais adequado para um filme da franquia Predador. A personagem possui dramas pessoais com a mãe, o irmão e outros membros da tribo que a desencorajam ou que simplesmente não acreditam que ela pode caçar, defendendo que o lugar dela é cozinhando e produzindo remédios. Desde o início Naru é apresentada como uma mulher esperta, rápida, forte e com boas habilidades de luta, porém, que se atrapalha em meio a seu próprio nervosismo.

Um dos membros da tribo, durante uma caça, é atacado por um leão da montanha, o que motiva a formação de um grupo de busca, perante o qual Naru se apresenta. O problema é que o grande felino é o menor perigo da noite. Os comanches não podiam imaginar, mas um caçador alienígena munido de alta tecnologia estava à espreita.

O roteiro é muito bem desenvolvido. A protagonista é bem construída e rapidamente nos envolvemos com sua história, sofrendo com suas falhas e torcendo por sua vitória. As cenas de luta estão bem coreografadas e muito bem filmadas. É um deleite ver Naru enfrentando o Predador, que possui um visual um pouco diferente do que estamos acostumados. Mas é claro, a própria civilização “predadora” também está 300 anos no passado. A tecnologia usada pelo predador é semelhante a do filme de 1987. O que causa estranheza é a rapidez com que indígenas do século XVIII se adaptam àquela tecnologia alienígena. Um atalho de roteiro que não atrapalha a experiência.

O filme conta com efeitos práticos que apenas o engrandeceram. O CGI foi corretamente utilizado no Predador, apenas para arrumar alguns detalhes. Isso deixa tudo mais real, aumentando nossa expectativa para a conclusão, pois o roteiro não deixa outra alternativa a não ser o combate direto entre Naru e o alienígena – e ele é quase perfeito.

O Predador: A Caçada (2022) revisita de maneira extremamente satisfatória o grande caçador alienígena. É um filme muito bem ambientado e produzido que nos apresenta um contexto muito pouco explorado no cinema de horror – e no cinema em geral, para ser sincero. Com simbologias anticoloniais, o quinto filme da franquia Predador é um excelente exemplo de como revisitar os clássicos.

 

Atenção: A continuação da crítica contém spoilers que podem prejudicar a sua experiência

Talvez o ponto mais decepcionante seja a conclusão do combate entre Naru e o predador. Como dito anteriormente, a coreografia de luta e sua filmagem são muito boas. A protagonista se mostra uma adversária à altura, mesmo que esteja munida apenas de sua machadinha amarrada em uma corda.

Foi por toda essa destreza de Naru que achei decepcionante o predador ser finalizado por seu próprio capacete. A protagonista compreender que diminuir a temperatura corporal a fazia ficar invisível para o mostro faz sentido, pois há como observar. Porém, não havia como saber que o capacete dispararia sozinho, ou teria ela armado o mecanismo?

Em minha opinião faria muito mais sentido ela derrotar o predador em combate, já que, ao longo do filme, acompanhamos sua evolução. Ela já estava quase matando o vilão, não havia a necessidade de finalizá-lo com o próprio capacete. É claro que isso não prejudica o filme, apenas ficou inconsistente – de novo, em minha opinião – com o que estava sendo construído. Ao menos, no final, Naru recebe o devido reconhecimento de sua tribo.