Crítica | Os Irregulares de Baker Street

Os Irregulares de Baker Street
(The Irregulars)
Data de Lançamento: 26/03/2021
Criador: Tom Bidwell
Distribuição: Netflix

O detetive mais famoso de todos os tempos volta à ativa na nova série da Netflix, Os Irregulares de Baker Street. A ideia não é completamente nova. Há um filme de 2007, Sherlock Holmes and the Baker Street Irregulars, com Jonathan Pryce no papel principal, em que o personagem criado por Connan Doyle é ajudado por crianças em situação de rua. Assim como não são novas as ideias de apresentar Sherlock de um jeito diferente – O Enigma da Pirâmide (1985) que o diga…

A série inicia apresentando 4 personagens, as irmãs Bea e Jessi e seus amigos, Billy e Spike. Eles vivem juntos em um porão cujo aluguel dão duro para pagar. Um dia um homem misterioso procura Bea e a faz uma proposta de trabalho: eles devem investigar um caso de bebês desaparecidos. O homem não é ninguém mais, ninguém menos que o famoso doutor Watson.

Contando com uma trilha sonora bastante moderna e eletrônica – o que por vezes atrapalha na ambientação a que a série se propõe – os episódios funcionam no estilo “monstro da semana”, sem deixar de lado o fio condutor que carrega o mistério principal.

Há vários estranhamentos. Watson é um personagem rude que em nada se assemelha ao doutor original. É nos apresentada uma explicação sobre seu rancor, mas nada justifica suas escolhas morais – por mais que o roteiro queira justificá-las. Escolhas. É justamente sobre isso que a série mais fala. Um dos pontos mais altos da narrativa está no segundo episódio em que Beatrice tem de escolher entre “matar ou deixar morrer”.

O 5º integrante da gangue se junta posteriormente. Ele é Leopold, filho da rainha que foi criado longe dos círculos sociais devido à sua frágil saúde. O príncipe sofre de hemofilia. Sherlock, no entanto, demora mais para aparecer. A representação do detetive é bastante diferente de várias outras que tivemos. Ele não é somente problemático, mas muito perturbado e não possui mais a habilidade dedutiva que o tornou famoso.

A estrutura narrativa é bastante clichê – o que não é necessariamente ruim, quando bem executado. A temporada é composta por 8 episódios. no 6º há o momento de divisão dos amigos, que devem, individualmente, se encontrar no 7º episódio, para enfim, se unirem contra a ameaça maior na conclusão. No caso de Os Irregulares de Baker Street, a estrutura cansa um pouco. Ela não é bem executada e por vezes recai em grandes confusões, como por exemplo no último episódio em que há uma troca muito rápida de opiniões dos personagens sem necessariamente algo concreto que impulsione a mudança.

A série de Tom Bidwell tem seus momentos. Sem dúvidas a melhor coisa são os “monstros” de cada episódio. Os efeitos visuais não decepcionam, mas as atuações, por vezes, sim. O roteiro se prende muito em alguns impasses adolescentes e esquece de construir de maneira mais convincente o vilão principal da temporada, mas não chega a ser um erro muito grave.

Os Irregulares de Baker Street é um série abaixo da média, que não chega a empolgar, mas que consegue agradar em alguns momentos (em especial, de novo eu digo, nos “monstros da semana”). A produção sofreu uma interrupção quando faltavam apenas duas semanas de filmagens, por conta da pandemia. Tendo isso em vista, é justificável que dois últimos episódios, sobretudo o último, sejam muito apressados e confusos.