Crítica | Pânico na Floresta: A Fundação

Pânico na Floresta: A Fundação
(Wrong Turn: The Foundation)
Data de Lançamento: 26/01/2021 (EUA)
Direção: Mike P. Nelson
Distribuição: Saban Films

Uma das franquias de horror mais populares do século XXI é definitivamente ‘Pânico na Floresta’. Esses filmes repletos de assassinos deformados, mortes criativas e muito gore caíram no gosto do público em pouco tempo e souberam continuar produzindo uma fórmula de roteiro que funcionou por outras 6 sequências, valorizando características dos slasher movies. 7 anos após o sexto até então último filme da franquia, um novo filme é anunciado com o mesmo nome e um subtítulo intrigante. Porém o mais curioso, é que Pânico na Floresta: A Fundação não parece manter as propriedades tão conhecidas da série de filmes, e deixa a impressão de ser mais uma tentativa forçada de reinventar a franquia do que qualquer coisa.

Quando um grupo de amigos decidem caminhar pela Trilha dos Apalaches no interior dos Estados Unidos, são surpreendidos e confrontados por uma comunidade isolada e perigosa de pessoas que vive nas montanhas por muitos anos, chamada de “Fundação”. É quando as mortes começam a acontecer que esses amigos precisam encontrar uma forma de sobreviver a todo custo e fugir daquele lugar impiedoso.

A verdade é que a maior complicação da obra gira em torno da narrativa, que encontra dificuldades em definir seu foco e sua abordagem principal, uma vez que alterna frequentemente entre um filme de adolescentes tentando sobreviver à assassinos, e um filme sobre uma vila com personagens bárbaros e justiceiros que “apenas não querem ser incomodados”, ou pelo menos é dessa forma que a história tenta nos convencer durante o segundo ato do filme.

Ainda que o choque de cultura levante boas discussões sobre o que significa ser selvagem e primitivo, essas questões obviamente não são aprofundadas, uma vez que a trama precisa se resolver e manter o interesse de seus fãs, que por se tratar de uma franquia conhecida de horror, sabem bem o que esperar (o que não necessariamente é entregue no fim das contas). O que também não ajuda são as atuações amadoras que não geram o mínimo de interesse do público por tais personagens e suas terríveis tomadas de decisões, com exceção da atriz principal Charlotte Vega, que ainda faz jus ao seu protagonismo em algumas cenas.

Se o gore parece dar o tom na primeira morte, ele rapidamente é esquecido ou se torna repetitivo nas cenas seguintes. A trama se alonga mais que o necessário, nos apresentando uma introdução dispensável e investindo um grande tempo em discussões na maior parte das vezes pouco frutíferas entre os personagens. O roteiro, repleto de clichês e furos baratos colocados estrategicamente para evitar um enredo ainda mais longo, visto que, como já dito, o filme já leva mais tempo para chegar ao seu objetivo do que poderia/deveria, nos aproxima das características dos slashers, porém aqui em específico são elevados a um alto nível de inverossimilhança, frustrando seriamente o espectador.

Diferente de tudo o que nos foi oferecido pela franquia nos filmes antecessores, Pânico na Floresta: A Fundação não cativa o espectador na grande maioria de seu enredo, principalmente por sua segunda metade visivelmente deslocada do que nos é apresentado na primeira metade, e pelo fato de tentar revolucionar uma série famosa de horror sem a ousadia de assumir realmente o drama de seus personagens frente à situações desoladoras. Embora o entretenimento se garanta em certas sequências isoladamente, a impressão que ficamos é que a melhor cena acontece ironicamente durante o último plano do filme, que se desenrola por trás dos créditos finais.