Crítica | Phobias

Phobias
Data de Lançamento: 19/03/2021
Direção: Camilla Belle, Maritte L. Go, Chris Hoffmann, Joe Sill e Jess Varley
Distribuição: Vertical Entertainment

Phobias é uma antologia de terror baseada em cinco fobias diferentes: A robofobia, que como o nome já indica é o medo de robôs e inteligência artificial, a veofobia que é medo de dirigir, a efebofobia medo de adolescentes e jovens, a hoplofobia que é o medo de armas de fogo e a atelofobia que é o medo do que não está perfeito ou completo.
O filme começa nos apresentando o enredo de Robofobia, dirigido por Joe Sill. Acompanhamos a história de Johnny (Leonardo Nam) um rapaz infeliz, trabalhador e viciado em drogas. Ele não tem muitos amigos e cuida de seu pai doente em um apartamento sujo e degradado. Depois de ser alvo de um ataque racial ele passa a se sentir impotente sobre sua situação, até que encontra respaldo em um amigo improvável. Uma inteligência artificial.
Após a apresentação dessa premissa, acompanhamos a escalada da inteligência artificial rumo ao extremismo onde o bem e o mal passam a ser subjetivos e Johnny passa a ter que lutar pela sobrevivência de seu pai frente a esta entidade perigosa.
Seguimos acompanhando o personagem que é levado para uma instalação governamental secreta que parece ter sido construída nos anos 50, com equipamentos dos anos 70, e composta por psicólogos-cientistas malucos do início dos anos 90.
O cientista principal (Ross Partridge) explica que Johnny foi levado para aquele local para testar seus medos. Neste momento somos apresentados a outros quatro jovens que vão precisar reviver seus traumas e fobias para que sejam desenvolvidas armas biológicas ou algo semelhante.
Não querendo revelar muito mais nesse momento, sob o risco de estragar a experiência do espectador, vamos apenas destacar alguns detalhes básicos da história e dos personagens.
Em primeiro lugar, vamos falar sobre Macy Gray. Sim, aquela Macy Gray, que fez sucesso com várias músicas no final dos anos 90. Ela interpreta um dos personagens mais interessantes do filme e podemos afirmar que, dentro dos limites do roteiro, sua atuação é impecável em um dos segmentos da antologia.
Na execução do filme podemos ver que os atores escalados se saíram muito bem em seus papéis. Foi realmente gratificante ver Hana Mae Lee em outro filme de terror. Leonardo Nam foi muito bem no papel de Johnny e mesmo Ross Partridge conseguiu convencer.
Como se trata de uma antologia, o roteiro e o conceito são muito diferentes de um longa-metragem simples. Isso, infelizmente, é o ponto fraco da maioria das antologias de terror. Apesar de haver um tema em comum no filme, qual seja o medo, as histórias não se conectam e contribuem quase nada entre elas. Tanto que se substituíssemos uma das histórias por outra de mesmo tema, fatalmente quase ninguém notaria a mudança.
As histórias independentes são boas (fantásticas, na verdade), mas não servem para serem apresentadas da forma que foram, não dão a ideia de um filme como quiseram apresentar.
A ideia escolhida para a união das histórias é frágil e aleatória. Somos apresentados tarde demais ao conceito e o final é fraco. Isso nos remete àquelas antologias dos anos 1970, em que contos eram somente unidos em um longa. Simplesmente não funciona, em especial quando as histórias variam do sobrenatural ao real. Não conseguimos nos conectar por não saber onde aquilo tudo está se passando, no mundo real ou em um outro mundo? Nós acabamos ficando sem saber.
Para que a ideia da crítica fique bem clara, vamos dar o exemplo da brilhante antologia Contos do Dia das Bruxas (Trick ‘r Treat, 2007). Cada história tinha seus personagens e tons, mas todos eram sobrenaturais e estavam entrelaçados na história. Esses personagens realmente existiram no mesmo mundo, ao mesmo tempo. Diferente do que foi apresentado em Phobias, onde claramente personagens não parecem viver em um mesmo mundo.
Após apontarmos tantos pontos desencontrados e negativos vamos aos pontos positivos do filme. A iluminação (Eric S. Quintana), a música (Jacques Brautbar), a edição (Chad Sarahina) foram absolutamente perfeitas.
Os efeitos especiais eram em sua maioria efeitos práticos e lindos de se ver (Simon White), especialmente os segmentos Macy Gray e Lightning Dude. Havia cenas legítimas e tão bem-feitas que poderiam e deveriam ser indicadas e vencedoras de premiações.
Resumindo: há algumas ideias e conceitos muito bons em Phobias, cada história funciona perfeitamente sozinha e os efeitos técnicos são surpreendentes, mas a história com o conjunto da obra precisava ser mais coesa. Com tantos lançamentos do gênero terror aparecendo em serviços de streaming por aí, achamos que, apesar dos pontos negativos levantados, você pode superar sua neofobia e experimentar o Phobias, mas sem muitas expectativas.