Crítica | Renfield: Dando o Sangue Pelo Chefe

Título: Renfield

Direção: Chris McKay

Ano: 2023

País: EUA

Distribuição: Universal

Nota do crítico:

Em meio a tantos remakes e reboots, é uma felicidade assistir a um filme como Renfield: Dando o Sangue Pelo Chefe (2023), que propõe revisitar a história clássica, contando a sua própria. O público está mostrando sinais de cansaço de rever a mesma história infinitas vezes. O filme de Chris McKay parece propor algo inusitado: e se a história de Drácula se tornasse um filme de super-héroi?

Sim. Inicio a crítica falando que Renfield é um filme de horror, mas também um filme de super-herói ao mesmo tempo. O arco narrativo, as cenas de ação, o foco em Renfield… Tudo referencia a construção narrativa de um filme de super-herói, porém, o longa se recusa a ser um simples “mais do mesmo” e justamente aí que está seu brilho.

Robert Montague Renfield começa o filme em um grupo de ajuda. Todos os presentes querem se livrar de um relacionamento tóxico – inclusive o próprio. O roteiro opta pelo absurdo – o que é uma vitória para os espectadores. O protagonista tem todo esse drama de que quer se livrar do chefe abusivo, mas a própria natureza da relação dos dois é absurda e o filme sabe disso. A todo momento somos bombardeados com piadas que funcionam muito bem. Se alguns filmes de horror optam pelo jump scare, uma comédia de horror como Renfield (2023) soube posicionar muito bem o humor em meio a banhos de sangue. Sim, o filme é violento.

Nicolas Cage está perfeito no papel de Drácula. Ele faz um conde completamente insano, explosivo, sedutor, nojento. O principal trabalho de maquiagem é no vampiro, em especial quando está se recuperando das queimaduras do sol. Cage traz um sotaque que remete ao grande Bella Lugosi, com direito a uma sequência que parece retirada diretamente do filme de 1931.

O outro Nicholas, o Holt, está super à vontade como Renfield e transita muito bem entre a comédia e o drama. As cenas em que interage com Awkwafina são muito engraçadas. Os atores tem uma química muito boa e transmitem isso para a telona.

O roteiro poderia ter se contido na grandeza da história. Uma família criminosa se envolve com os personagens, o que não é algo ruim, mas as cenas em que Drácula e Renfield não aparecem para mostrar a família Lobo não são tão interessantes assim. Enquanto público, ansiamos por mais interações Drácula-Renfield. Talvez exista mais drama do que o necessário, mas o apelo dramático traz um toque de nonsense, então a diversão se mantém.

O arco de Renfield mostra o personagem descobrindo o seu próprio potencial – no melhor estilo super-herói. É um filme divertido, muito engraçado, cheio de absurdos, e que passa muito rápido. A única coisa que é impossível de perdoar é o uso de sangue de CGI. Com cenas de ação tão boas – que lembram até John Wick – é um erro muito grande apelar para sangue de CGI, que sempre me faz desligar da cena na hora.

Renfield: Dando o Sangue Pelo Chefe (2023) propõe uma nova visão para uma história clássica sem jogar o material original no lixo, sem ficar repetindo a mesma coisa e, o mais importante, fazendo o público cair na risada.