Crítica | Shook

Shook
Data de Lançamento:  18 de fevereiro de 2021.
Direção: Jennifer Harrington
Distribuição: Shudder

Quando um filme como Shook aparece, rapidamente reviramos os olhos para cima por conta da premissa. É 2021. O mundo ainda está tentando sobreviver a uma pandemia e a Shudder nos traz outro filme de baixo orçamento que fala sobre os perigos da vida online e das mídias sociais.

Recentemente vimos crescer a oferta de filmes que se passam no período da pandemia onde as relações online são tema. Mas mesmo com o aumento da oferta de longas-metragens poucos são bem sucedidos. Todas as semanas parece que ouvimos falar sobre um novo thriller com roteiro que se passa em cenário pandêmico entrando em produção.

Já podemos considerar que thrillers de mídia social são outro subgênero que busca tirar vantagem do distanciamento social. Felizmente, a diretora e roteirista Jennifer Harrington eleva essa premissa ao concentrar a história em uma única final girl e em sua capacidade de sobreviver a uma noite de terror.

Mia (Daisye Tutor) é uma estrela das redes sociais, uma influenciadora digital que é invejada por seus amigos devido ao seu grande número de seguidores. A trama se inicia nos apresentando a história de um assassino de cães que está à solta na cidade. Acompanhamos a sua última vítima canina escapar da morte, mas, infelizmente, sua dona não compartilha da mesma sorte.

A morte da amiga deixa Mia abalada ou, pelo menos, é a impressão que ela quer passar aos seus seguidores. Após a morte da amiga ela faz um anúncio nas redes sociais cancelando uma transmissão ao vivo que faria com amigos, dizendo que irá cuidar do cachorro de sua irmã para que ela faça exames de saúde em outra cidade.

Claro que Mia anuncia para todos os seus seguidores essa imediata e espontânea empatia com os animais o que causa grande consternação em seus colegas de mídia já que contavam com ela para aparecer em seus feeds naquela noite.

O relacionamento de Mia com sua irmã é visivelmente distante e ficou ainda mais abalado após a morte de sua mãe. Mas Mia quer usar essa oportunidade de cuidar do pequeno e belo cãozinho Chico durante uma onda de ataques para ganhar mais alcance e notoriedade nas redes sociais.

Ao chegar na casa da irmã ela começa a receber ligações telefônicas estranhas que logo se transformam em um jogo com consequências mortais, bem ao estilo do filme Pânico (1996).

A maior parte do filme se passa dentro da casa da irmã de Mia e as interações dela com seu algoz misterioso se dão principalmente por meio de mensagens SMS e de vídeo. Este recurso acaba permitindo algum espaço criativo para a diretora Jennifer Harrington  implementar mais tensão na trama e com a ajuda de uma trilha sonora bem aplicada, consegue nos arrancar alguns sustos baseados no jump scare.

A opinião do telespectador sobre este filme vai depender bastante de sua suspensão de descrença quando conhecer a revelação final. Motivações são sempre complicadas de se explicar no cinema de horror, nós sabemos, mas esta foi um pouco mais difícil de engolir, bem como a forma como todo o plano foi executado.

As atuações não são das piores já vistas, mas os personagens do filme são seres humanos absolutamente desprezíveis. Enquanto a protagonista Mia se apresenta como a pessoa mais próxima de ser alguém por quem torcer, o filme Shook acaba explorando o quão perigosas e horríveis as redes sociais podem ser e nos mostra que Mia tem um círculo de amizades bem ruim.

Shook está longe de ser um filme perfeito, mas consegue nos manter conectados à trama por 90 minutos em uma noite fria. O filme disponível por streaming  exclusivamente no canal americano Shudder ainda não tem data de estreia definida para o Brasil .