Crítica | Sozinha

Sozinha
(Alone)
Data de Lançamento: 22/04/2021 (BR)
Direção: Mattias Olsson
Distribuição: Telecine (BR)

         Em Sozinha, remake do filme sueco “Försvunnen”, acompanhamos a jornada de Jessica (Jules Willcox) que, ao se mudar para tentar começar uma nova vida em outro lugar, acaba sendo perseguida por um psicopata determinado a sequestrá-la.

         O filme foi uma grata surpresa, sendo mais interessante e intenso do que aparenta ser, devido ao seu início bem mais lento e imersivo. A premissa de Sozinha é sufocante, mas toda a calmaria antes da tempestade dita um tom que prende ainda mais a atenção de quem assiste.

         Sozinha é dividido por cartelas onde cada capítulo mostra uma fase da perseguição de Jessica e sua luta por sobrevivência. Apesar de servir mais como um recurso estilístico, elas também ajudam a desafogar o pensamento da situação em que a protagonista está e também para incitar a passagem do tempo que ocorre entre cada capítulo. 

         O início da perseguição é realizado de forma sorrateira. Tudo aparenta ser apenas uma coincidência, o homem, posteriormente chamado de Sam (Marc Menchaca) é sempre educado, com uma tipóia no braço e muito prestativo. A forma como ele cerca a protagonista se intensifica até chegar no ponto em que ele acaba conseguindo sequestrá-la. O jogo de gato e rato é sufocante, assim como o filme todo.

         O filme tem uma atmosfera extremamente claustrofóbica. Seja quando os personagens estão dentro do carro, correndo numa floresta ou presos num cubículo, em nenhum momento existe realmente uma sensação de liberdade – nem mesmo antes de toda a perseguição se iniciar. 

         Sendo um longa com a premissa já citada, ele não serve para surpreender muito quem assiste, mas durante todo o momento ele é muito eficiente em como mostrar seus acontecimentos e acaba evitando os erros mais comuns onde personagens se tornam estúpidos ou sobre humanos do nada. A naturalidade e a simplicidade que desdobram as situações tornam cada acontecimento mais tenso, ainda que previsíveis. 

         E enquanto temos uma protagonista forte, decidida e pronta para ir até às últimas consequências, também temos um antagonista desprezível e incansável. Sam se parece muito com um homem qualquer, um cara responsável, casado e bom pai. Sua fala mansa e impassível por quase 90% do filme aumenta ainda mais o suspense em torno dele. Ele parece não se abalar e quando isso ocorre, parece ser premeditado, para colher um resultado determinado. O personagem tem um modus operandi que não despercebidamente lembra em muito o Ted Bundy, em especial, pelo braço “machucado”.

         Novamente, embora Sozinha jogue com pontos de viradas previsíveis para o estilo da trama, o elenco e a direção tornam as ações empolgantes e atiça o nervosismo para como a história irá finalizar, criando muito com muito pouco. Com um elenco reduzido, de dois a quatro atores, eles conseguem entregar muito É de fato um dos melhores filmes que vi nos últimos tempos.