Crítica | Uma Noite de Crime: A Fronteira

Uma Noite de Crime: A Fronteira
The Forever Purge
Data de Lançamento: 02/07/2021 (EUA)
Direção: Everardo Gout
Distribuição: Universal Pictures

         Uma das franquias mais mornas no mercado do terror, “The Purge”, continua rendendo uma quantidade considerável de dinheiro aos seus criadores. Logo, oito anos após o lançamento do primeiro longa, chegamos ao quarto filme da saga, contando também com duas temporadas de uma série de TV ambientada no mesmo universo.

         Passando pelo terror de invasão domiciliar, violência urbana, gangues e gentrificação, “Uma Noite de Crime: A Fronteira” usa o contexto da xenofobia, diferenças de classes sociais e as razões por trás da manutenção da sociedade como conhecemos. Ou pelo menos, essa é, mais ou menos, a ideia do roteiro.

         A franquia “The Purge” sempre realizou o mesmo tipo de crítica, bem maniqueísta, desde o primeiro filme: a visão do rico versus o pobre, do branco versus o preto, do norte americano versus o imigrante. Isso é, até certo ponto, marca registrada do longa, e bem realista – vide todos os jornais atuais. Mas, no longa deste ano, uma “nova” visão traz um refresco muito bem vindo. 

         A ideia desse filme é que, mesmo após as 12 horas de Expurgo anual, quando tudo deveria voltar a normalidade, os “cidadãos de bem” decidem que, na verdade, as mortes nunca irão acabar. Isso faz com que nossos protagonistas, improváveis até então, procurem uma forma de se salvar em um lugar sem salvação. 

         “A Fronteira” sabe trabalhar bastante com a ação que está em suas mãos e, assim como os personagens levemente clichês, nos envolvemos o suficiente para acompanhar a trama. Eu, particularmente, cai até em uns três jumpscares

         O maior ponto positivo da trama foi admitir a sua maior falha. Como acreditar que um país extremamente nacionalista, armamentista e mesquinho, iria simplesmente respeitar ter apenas 12 horas por ano para chacinar geral, né? O único furo é entender como isso não aconteceu desde o primeiro expurgo… 

         O filme realmente me surpreendeu positivamente. Talvez por ter vindo depois do “A Primeira Noite de Crime” (2018) – que é PAVOROSO – ou pois ele realmente brinca com as expectativas. Como eu não havia lido a sinopse eu pensei que ele, a princípio, seria um filme meio cowboy/faroeste, mas depois ele se revelou como um filme de estrada, que achei bem interessante. 

         Porém, para finalizar, esse consegue ter diálogos extremamente rasos sobre os principais tópicos que pretende abordar. Como por exemplo, em um momento, onde um personagem fala “eu não acho que brancos sejam melhores que ninguém, mas acho que ninguém deve se misturar”. Sendo que a base de tensão entre esses dois personagens é o racismo velado. O assunto morre aí.

         Mas é isso. “Uma Noite de Crime” começou bem e foi decaindo consideravelmente com os anos, mas “A Fronteira” pode ser um feliz recomeço – considerando que eles não vão largar esse osso tão cedo.