Crítica | Watcher (2022)

Watcher
Data de Lançamento: 03/06/2022
Direção: Chloe Okuno
Distribuição: IFC Midnight

Digo e repito, a experiência de assistir um filme sem saber de nada sobre ele é maravilhosa. Watcher me ganhou no pôster e me fez assistir sem nem mesmo ler a sinopse. Não demorou nem mesmo 10 minutos para ficar completamente grudado na trama. 

Em Watcher acompanhamos a história de Julia (Maika Monroe, It Follows) que se muda para Bucareste com seu marido. Isolada, num país que não tem amigos e não sabe sequer o idioma, ela passa a desconfiar que está sendo seguida por um homem misterioso.

Watcher tem uma trama que parece batida, mas surpreende com incríveis atuações e uma construção de tensão que deixa qualquer um angustiado. É tensão do início ao fim. Digo isso falando como um homem – para uma mulher, as emoções devem ser ainda mais intensas.

É de se apontar o roteiro que às vezes força ações que não fazem sentido – como Julia indo atrás de um desconhecido sozinha no cinema ou indo até um prédio praticamente abandonado e isolado, novamente, sozinha – mas as situações que se desdobram disso tudo são intensas e fazem com que acabemos relevando – vide, novamente, a cena do cinema. 

Também achei questionável a forma com que o filme faz com que os demais personagens sejam descrentes das reclamações de Julia mesmo com provas. O marido de Julia, Francis (Karl Glusman, Love), vê junto com ela o vídeo de alguém claramente a seguindo por um supermercado e simplesmente não liga.

Talvez isso acabe sendo um certo tipo de crítica. Durante o filme vemos não apenas Francis, mas o colega de trabalho dele e sua mulher, assim como seu chefe depois, fazendo piadas de bastante mal gosto sobre o serial killer que anda atuando pela vizinhança: o Spider.

Toda essa trama do serial killer que mata mulheres jovens e arranca suas cabeças vai permeando o filme desde seus primeiros momentos. Estaria Julia sendo seguida pelo próprio Spider? Seria ela a próxima vítima?

O principal suspeito de Júlia é um homem que mora no prédio da frente, o qual aparece diversas vezes por silhuetas na janela ou em diversos lugares que a mulher decide ir. Ajuda muito que o ator, Burn Gorman (Círculo de Fogo) tenha uma postura que exala uma estranheza palpável. 

Tanto Maika quanto Gorman apresentam atuações maravilhosas a todo o momento, mas, especialmente enquanto a trama se intensifica e afunila. A atuação contida e “introspectiva” deles combina com o clima frio e opaco do filme, que tem uma fotografia que preza por tons de bege e azul para exaltar ainda mais a sensação de melancolia e aflição de Julia.

Mesmo com seus problemas, Watcher é um dos thrillers mais interessantes e tensos do ano. Uma experiência perturbadora que pode até demorar a apresentar alguma “ação”, mas ainda assim consegue prender qualquer um na cadeira.