Exílio
(Exoria)
Data de Lançamento: 8/11/2019
Direção: Vassilis Mazomenos
Cinefantasy 2020
Vassilis Mazomenos é diretor, escritor e produtor grego. Em Exílio (2019) ele decidiu trabalhar com um tema bastante atual: as migrações. O longa já abre referenciando tristes cenas quotidianas de botes à deriva, nos quais refugiados depositam suas esperanças. O filme é anterior ao caso, mas não podemos deixar de lembrar de quando o governo da Grécia expulsou e abandonou em alto mar ao menos 1.072 refugiados.
A complexidade surge quando descobrimos que o homem à deriva é um grego que tentou fugir do próprio país. Resgatado pelas autoridades costeiras, ele se torna uma espécie de refugiado dentro de sua própria pátria. Ele se torna um outsider dentro da sociedade em que foi criado. Sua primeira tentativa de roubo é um fracasso, ele acaba preso e sofre humilhações nas mãos dos seus compatriotas nacionalistas, que o consideram praticamente um traidor.
Esse porém, é só o começo de uma série de desventuras que se apresentam a Aris, independente de sua vontade. O ciclo de horrores inclui escravidão, assassinato e diversos tipos de violência física e psicológica, perpetrados por aqueles que se consideram superiores – em outras palavras, brancos com dinheiro.
A jornada de Aris é uma espiral de humilhações e violência que flerta, por vezes, com o surreal. Alguns momentos seguem uma estrutura narrativa como se fosse um sonho, ou mais precisamente, um pesadelo. As ações não se conectam de forma lógica e linear, mas sim pelos abusos sofridos e absurdos encontrados pelo protagonista.
Exílio (2019) conta com um ritmo lento de desenvolvimento narrativo. A parte técnica de iluminação é louvável, assim como a bela fotografia de Fotis Mitsis. É um filme de temática pesada, algumas das humilhações são difíceis de assistir, pois realmente nos afetam. Vassilis Mazomenos nos aponta um problema contemporâneo, sua crítica se dá principalmente através de cenas incômodas. O único porém é que em alguns momentos perdemos o fio narrativo e demora para voltarmos a nos situar.
