Histórias Assustadoras para Contar no Escuro

Histórias Assustadoras para Contar no Escuro
(Scary Stories To Tell In The Dark)

Data de Estreia no Brasil: 08/08/2019
Direção: André Øvredal
Distribuição: Diamond Films

Baseado no livro homônimo de Alvin Schwartz, o diretor André Øvredal juntamente com Guillermo Del Toro na produção, resolveram adaptar para o cinema algumas histórias macabras. Com um bocado de nostalgia e alguns personagens cativantes, o filme busca apresentar uma versão de horror direcionado para o público infanto-juvenil, mas que também busca agradar adultos fãs do gênero.

Na cidade de Mill Valley se faz presente assombrosas lendas e mistérios sobre um casarão que pertencia à família dos Bellows. Mais precisamente, essas lendas giram em torno do final dos anos 60 e de uma jovem garota introvertida chamada Sarah (Kathleen Pollard), uma garota problemática que escrevia em seu livro no porão. Anos depois, é a vez de um grupo de adolescentes descobrir o livro e o passado de Sarah. Porém é quando a ficção das histórias do livro começam a se tornar realidade e pessoas começarem a desaparecer que a protagonista Stella (Zoe Margaret Colletti) e seus amigos precisam encontrar uma forma de parar os acontecimentos aterrorizantes.

De início nos encantamos por uma boa química entre os personagens que se enquadram facilmente no estereótipo de “weirdos” (estranhos/excluídos), com o qual boa parte do público (incluindo quem vos escreve) tem uma facilidade imensa de se identificar. Essa dinâmica funciona principalmente pelos alívios cômicos do personagem Chuck (Austin Zajur), que ajudam a tornar a trama menos aterrorizante e mais leve, visto que o público alvo é infanto-juvenil. A relação entre os personagens e o estilo de direção de Øvredal ajudam a criar uma atmosfera leve e ao mesmo tempo sombria, chamando a atenção junto com um visual de cores frias e uma colorização azulada que dá alma aos cenários.

A direção usa de estratégias eficientes e originais para criar tensão, mantendo nossa atenção com elementos estranhos que perseguem os personagens. Porém, se o acerto está em criar o medo, o erro está em resolvê-lo. O principal problema em Histórias Assustadoras para Contar no Escuro é que por fim, acaba-se notando um apelo evidente aos estereótipos e clichês saturados do gênero, em uma mistura de diversas histórias que já vimos antes, o que acaba tornando o enredo previsível, e algumas cenas quase insuportáveis de assistir (no mal sentido). Sem falar de possíveis questões políticas que o roteiro procura adentrar e que por fim acaba mais por ser superficial do que de fato acrescentar algo à narrativa, além de não ser uma intenção lógica tendo em mente o público alvo da obra.

Embora o terceiro ato seja expositivo onde não deveria e ainda não resolver bem o destino dos personagens secundários, o filme funciona em transmitir o medo e a tensão a partir do estranho. Histórias Assustadoras para Contar no Escuro traz um resultado aquém do esperado pelos fãs de terror em geral, inclusive distante do feito alcançado por Øvredal em seu filme antecessor (A Autópsia), mas suficiente perante os objetivos da produção.