Host

(Host)
Data de Lançamento: 07/02/2020 (EUA)
Direção: Rob Savage
Distribuição: Shudder

Sem dúvidas a produção de filmes em tela gravada é algo que só tem a se intensificar a cada ano. O filme “Amizade Desfeita” (2015), apesar de todas suas imperfeições, demonstrou que o gênero de terror não precisava de mais que um computador e telas compartilhadas para causar medo e bons sustos no espectador. Em 2020, Host aproveita desse legado para nos trazer cenas bem tensas em uma narrativa que convence e arrepia, ainda que não surpreenda.

Na trama, 6 amigos (5 mulheres e 1 homem) em pleno isolamento devido aos riscos do COVID-19, marcam uma reunião pelo Zoom (aplicativo de reuniões on-line) para realizar uma sessão espírita, com a ajuda de uma expert no assunto. Após os coisas começarem a passar dos limites, não demora para perceberem que alguma energia sobrenatural está ameaçando a vida de todos ali presentes.

Sem a necessidade de muitas informações, entendemos de cara que são amigas próximas e que sentem saudades de se divertirem umas com as outras. É curioso como o cenário pandêmico e suas consequências ajudam a criarmos laços com o objetivo das personagens em buscar alguma adrenalina ou emoção para equilbrar suas monótonas vidas. Os diálogos também cativam pela espontaneidade, enquanto o senso de naturalidade do roteiro esbanja realismo no relacionamento entre as amigas. Nos vemos facilmente naquelas mulheres que, assim como nós, são curiosas, sentem medo e desesperam-se com qualquer manifestação do desconhecido.

Host impressiona principalmente pela forma como foi produzido e dirigido, sendo elaborado e gravado totalmente à distância (on-line). E diferentemente do já citado, “Amizade Desfeita” (2015), a obra não se limita às câmeras fixas de WebCam, sabendo alternar entre câmeras de celular e até utilizando de mecanismos populares atuais, como filtros de redes sociais (artimanha que resulta em uma das melhores e mais aterrorizantes cenas do filme). Trazendo movimentos de câmera em primeira pessoa, que caracterizam o filme também como uma espécie de Found Footage, o roteiro consegue ser direto e funcional na medida exata, mas tristemente limita suas inovações em momentos específicos do enredo, abdicando de construir uma história de fato original e diferente.

Além do curto tempo de filme (56 míseros minutos), que impede que situações criativas e assustadoras sejam desenvolvidas em maiores quantidades, a trama acaba caminhando exatamente para o oposto: cenas de mortes e fugas em circunstâncias previsíveis, como já estamos acostumados a ver em filmes do gênero. Sentimos por fim que faltou mais ousadia do roteiro em propor arcos de personagem mais bem arquitetados ou alguma reviravolta inesperada, pois é o tipo de filme que em que caberia perfeitamente.

Porém, Host diverte e entretém sem fazer esforços, e sem enrolar com cenas desnecessárias, vai direto ao ponto. É o tipo de terror que agrada sem exageros, perfeito para o público que procura por um filme de identificação imediata, que consegue nos envolver na trama, nos fazer torcer pela vida dos personagens, e sentir medo junto com os mesmos.