Mangue Negro

Mangue Negro
Data de Lançamento: 28/07/2008
Direção: Rodrigo Aragão
Distribuição: One Eyed Films

Lançado originalmente na edição de 2008 do Fantaspoa, Mangue Negro (2008) está sendo exibido como parte da Retrospectiva Rodrigo Aragão, no 10º Cinefantasy. Nessa mesma edição do festival, o diretor lançou seu novo longa, O Cemitério das Almas Perdidas (2020). Foi o primeiro longa do diretor, que também foi responsável pelo roteiro. Aragão iniciou aqui, uma jornada com zumbis em território nacional.

A história é centrada em uma comunidade de pescadores e catadores. No manguezal começam a surgir criaturas horripilantes: mortos-vivos comedores de carne humana. Inicia-se uma corrida pela sobrevivência. Os que são mordidos se transformam em criaturas abomináveis. O horror não poupa nem ao menos os animais. Um sobrevivente amedrontado, Luís, deve lutar contra as criaturas armado apenas com o seu machado e com os seus sentimentos por Raquel.

Um dos trabalhadores chega na vila todo machucado. Ele foi pegar caranguejos em um local mais afastado e caiu nas ostras, logo após ter visto uma assombração, segundo ele próprio. Seus companheiros não entendem muito bem. Um deles decide investigar, enquanto Luís cuida do homem ferido. Ele acaba morrendo, mas em seguida se transforma em um morto-vivo violento.

A produção não economiza no sangue. A maquiagem é mais carregada, em sintonia com outros filmes latino-americanos sobre zumbis. O morto-vivo que já está bastante decomposto no mangue lembra bastante uma das criaturas de A Volta dos Mortos-Vivos (1985). Os zumbis de Aragão fazem os mortos-vivos de Romero parecerem limpos e educados.

O roteiro não apresenta apenas zumbis humanos, há também um ataque de ostras mortas-vivas! As sequências de ataques são excelentes e, diferente dos filmes estadunidenses, onde todo mundo possui uma escopeta em casa, os personagens de Mangue Negro (2008) possuem recursos limitados para enfrentar as criaturas, o que deixa tudo mais empolgante. O melhor, sem dúvidas, é Luís e sua machadinha.

O filme apenas perde o ritmo na metade de sua execução, quando Luís busca ajuda de dona Benedita, personagem interpretada por um ator em um injustificável blackface. Isso nos tira completamente da imersão e incomoda. A interpretação de dona Benedita lembra esquetes do programa Zorra Total. Essa cena traz a mitologia de criação dos mortos-vivos, que envolve feiticeiros e veneno de baiacu.

O final traz um banho de sangue que fecha de maneira satisfatória a narrativa. O horror parece não acabar, o último ato é repleto de ataques, inclusive temos a volta das ostras. Mais de uma década após sua estreia, Mangue Negro (2008) ainda surpreende, em especial pelas sequências finais, em que achamos que o horror não terá fim.

Apesar de algumas (poucas) limitações técnicas, os efeitos especiais surpreendem. A maquiagem dos zumbis é grotesca, os ferimentos espirram sangue à vontade. Rodrigo Aragão, em seu primeiro longa, já mostra que entende perfeitamente como fazer um bom filme de horror que seja, ao mesmo tempo, divertido e assustador.