Mar Negro
Data de Lançamento: 03/05/2013
Direção: Rodrigo Aragão
Retrospectiva Rodrigo Aragão
Mar Negro (2013) é dirigido e roteirizado por Rodrigo Aragão. Assim como em Mangue Negro (2008), os mortos-vivos tomam conta de uma pequena vila no litoral do Espírito Santo. Na história, peixes e crustáceos se transformam em terríveis criaturas que propagam a morte e a destruição. O lutador solitário da vez é Albino, que enfrenta os monstros para salvar a mulher amada, arriscando sua própria vida numa batalha pela sobrevivência.
Tal como é comum em seus filmes, o cenário é uma pequena comunidade, marcada por suas lendas urbanas e pela religiosidade popular. O estranho entra na vila quando dois homens pescam uma estranha criatura. Um deles afirma ser uma sereia, o outro está desconfiado. Não há muito tempo para discussões, a criatura está viva! O visual do monstro é muito interessante, ele remete a O Monstro da Lagoa Negra (1954), mas ao mesmo tempo lembra os deadites da série Evil Dead. É muito bem feito.
Albino, nosso protagonista, sofre com terríveis pesadelos, nos quais aparece um estranho livro. Ele trabalha do Bar do seu Otto. Um belo dia, deve limpar uma arraia. Ele inicia o serviço, mas se distrai quando Indiara chega no estabelecimento. Quando volta ao trabalho, o animal havia desaparecido. O pescador ferido pela estranha criatura da cena inicial passa por transformações terríveis e adquire um tenebroso apetite por sangue fresco.
Como se isso não bastasse, ainda entra em cena em misterioso colecionador de livros, que parece bastante interessado em Albino. Além do comércio de livros, ele é bastante habilidoso e cruel quando se fala em assassinatos. O protagonista parece não ter saída. Há os mortos-vivos, os habitantes maldosos da vila e esse misterioso homem.
O mal se alastra pelo território. A fonte parece ser justamente o mar. Os peixes estão infectados e todos os que os consomem passam pela transformação. O horror, assim como em seus outros filmes, é interminável. Atirar na cabeça não é garantia de derrotar as criaturas, elas se adaptam e se tornam cada vez mais aterrorizantes.
Parte técnica supera os dois filmes anteriores. A qualidade de imagem é muito boa, a maquiagem é incrível, aliás, é o próprio diretor quem cuida dela. Aragão também participa dos mecatrônicos, que são um show à parte, responsáveis pelo clima de “horror sem fim”. Assim como é característico em seus trabalhos, aqui o sangue jorra à vontade e em grande quantidade.
Se nos filmes anteriores os personagens ficaram marcados pela falta de armamentos, o último ato de Mar Negro (2013) nos concede um exagero charmoso e divertido que combina muito com o roteiro. Este, é mais direto do que os das produções antecedentes. A ação se reduz a uma noite, tal como em sua produção mais recente, O Cemitério das Almas Perdidas (2020), o que deixa a narrativa mais dinâmica.
Ainda em relação ao seu filme mais recente, em Mar Negro (2013) somos apresentados ao livro perdido de Cipriano, importante na mitologia do diretor. Ele ainda aparece de forma tímida, mas se torna importante no final do longa, quando a narrativa sobre uma virada. Elementos novos são apresentados a todo momento, às vezes com certa confusão, mas a diversão se mantém.