O Grito (2020)

O Grito
(The Grudge)
Data de lançamento: 13/02/2020
Direção: Nicolas Pasce
Distribuição: Sony

O Grito (The Grudge) é uma franquia de horror estadunidense, baseada na original japonesa, Ju-On, que conta com 5 filmes lançados entre 2002 e 2016. A primeira adaptação de Hollywood estreou em 2004 e contou com a atriz Sarah Michelle Gellar (Buffy, A Caça-Vampiros). O Grito (2004) obteve menor sucesso que outra versão estadunidense de filme de horror japonês, O Chamado (2002), que teve ainda duas sequências.

O reboot de 2020 é o 4º filme da franquia produzido nos EUA. O Grito (2020) é dirigido e roteirizado por Nicolas Pasce (Os Olhos de Minha Mãe) e conta com Sam Raimi e Robert Tapert (a dupla responsável por A Morte do Demônio / Uma Noite Alucinante) como produtores.

Na história, Fiona Landers (Tara Westwood) vai ao Japão a trabalho e acaba ficando hospedada em uma casa onde ocorreram crimes violentos. Seguindo a premissa do filme original, a maldição fica presa a ela e a segue em seu retorno aos EUA. Essa, porém, é apenas a introdução do filme.

O roteiro nos apresenta três núcleos principais de personagens cujas histórias ocorrem em momentos diferentes, entre 2004 e 2006, na casa que anteriormente pertencera à família Landers. Apesar de dar dinamismo ao filme, as três histórias atrapalham no desenvolvimento dos personagens.

O primeiro núcleo é em torno da detetive Muldoon (Andrea Riseborough), que recentemente perdeu o marido e se mudou com o filho para uma outra cidade. Ela vira parceira do detetive Goodman (Demián Bichir), que já havia cruzado com a casa mal assombrada em casos anteriores. Muldoon fica tão intrigada que decide investigar por conta própria. Infelizmente, não acompanhamos tanto de sua investigação quanto gostaríamos. A detetive começa como uma personagem cética, o que poderia trazer um arco narrativo muito interessante, mas muda de opinião tão rapidamente que torna mais difícil a identificação com a personagem.

Outro núcleo é de um caso ocorrido quando os Landers ainda eram proprietários da casa. O agente imobiliário Peter Spencer (John Cho), que tenta vender o imóvel, se vê em uma estranha situação quando a filha dos Landers está sozinha na residência e não há sinal de seus pais. É sempre bom ver John Cho em cena. O contexto familiar de seu personagem é apresentado. Seu destino é, talvez, o que causa mais comoção.

O terceiro núcleo é composto por Faith e William Matheson (Lin Shaye e Frankie Faison). O casal de idosos se vê frente a um grande dilema e busca a ajuda de Lorna Moody (Jacki Weaver), que percebe – tarde demais – que há alguma coisa de errado com o ambiente. Novamente, é uma história comovente, mas que acaba sendo trabalhada de forma rápida devido ao grande número de personagens.

A estética – principalmente das cenas externas – lembra um filme realizado nos anos 1970, como por exemplo as cenas da detetive Muldoon dirigindo seu carro antigo e os letreiros que situam os locais. Os ambientes internos, porém, realmente parecem ser do começo dos anos 2000. Essas escolhas são muito interessantes e dão certa personalidade ao filme.

Vale um destaque à maquiagem, principalmente na cena do manicômio com o detetive Wilson. Os fantasmas são todos muito bem caracterizados. Quanto aos sustos, os jump scares do começo do filme estão bem sincronizados, porém, da segunda metade para o final já parecem não funcionar mais. O filme acaba jogando para vários lados – conta com os jump scares, com o gore, com uma investigação policial que não é muito bem desenvolvida, com o terror de casa mal assombrada… Infelizmente nenhuma das vertentes é trabalha com muita atenção.

O Grito (2020) não é um grande filme de horror, mas agrada pelo visual. Se o roteiro optasse por retirar um dos núcleos de personagens, os restantes poderiam ter sido desenvolvidos com mais calma, trazendo um pouco mais de complexidade à história e evolvendo de forma mais eficiente espectadores e personagens.