Predadores Assassinos

Predadores Assassinos
(Crawl)
Data de Estreia no Brasil: 26/09/2019
Direção: Alexandre Aja
Distribuição: Paramount Pictures

Não é de hoje que o cinema de terror possui seu público para “filmes catástrofe com animais/predadores perigosos”. Desde os anos 70, quando Steven Spielberg popularizou o subgênero com um dos maiores clássicos da sétima arte, Tubarão (1975), notamos uma crescente impressionante de obras com propostas semelhantes. O produtor Sam Raimi e o diretor Alexandre Aja notaram esse gosto do público e decidiram investir em mais uma produção de predadores contra humanos. Porém, aqui, um dos principais diferenciais que afastam Predadores Assassinos de recentes produções preguiçosas e problemáticas como Medo Profundo e Megatubarão, é a forma como o filme desenvolve sua protagonista, correlacionando bem o terror de estar ameaçada e lutar por sua vida, com seus dramas pessoais, sua busca profissional e a relação com seu pai.

Após o enorme furacão Dorian (de categoria 5) se apoderar da Flórida, tsunamis fazem com que os habitantes evacuem o local o mais rápido possível. Porém a jovem Haley (Kaya Scodelario), em busca de resgatar seu pai Dave (Barry Pepper), acaba ficando presa na parte debaixo de sua casa enquanto jacarés começam a entrar com as águas. Como se não bastasse, tanto Haley quanto seu pai estão feridos, e o nível da água continua subindo, o que força pai e filha a correrem contra o tempo para salvarem suas vidas, enquanto garantem momentos cheios de tensão para os espectadores.

Aos poucos (desde a primeira cena) vamos conhecendo mais sobre a protagonista e sua vida. Percebemos que ela é uma nadadora (provavelmente profissional), que está passando por uma fase difícil de foco e determinação. Ainda assim Haley se mostra uma garota ágil para pensar e agir, uma sobrevivente nata, ou como diz seu pai, uma predadora. Sua família vive uma situação instável após a separação de seus pais e a falta de contato entre todos. As conversas profundas entre Haley e Dave, apesar de serem curtas, surpreendentemente emocionam e agregam à trama, garantindo uma boa combinação de suspense e drama, além de nos fazer criar empatia pelos personagens.

Outro ponto curioso, é que diferente dos demais filmes do gênero, a obra não demora para nos mostrar o verdadeiro perigo que os jacarés representam. Sem economias no sangue e na violência, vemos os bichanos matar de forma brutal algumas vítimas da cidade, sem falar de cenas extremamente tensas e bem dirigidas com Haley e seu pai se esquivando das criaturas (quando podem). Por meio de uma ótima ambientação de cenários escuros e claustrofóbicos, além de uma clara ajuda dos efeitos especiais que tornam os jacarés mais ameaçadores do que normalmente são, cada movimento dos jacarés, seja se locomovendo ou atacando, é intensificado pelos efeitos sonoros, arrepiando a espinha do espectador. E claro, temos aqui ótimos sustos que felizmente não são antecedidos por um extremo e duradouro silêncio (como normalmente filmes de terror usam o jump scare), e que realmente nos pegam desapercebidos.

Sem tentar abocanhar mais do que deveria, Predadores Assassinos previsivelmente possui alguns dos famosos furos de roteiro (ainda que nem tantos), mas abdicar da lógica e se aventurar na proposta do filme é essencial para obras do tipo. Mesmo sem inovar o gênero ou trazer algo minimamente novo, o filme trabalha bem com as ferramentas que possui (dois personagens e uma locação), conquistando rápido a nossa atenção e a mantendo durante quase 90 minutos de história. Com uma direção segura de Alexandre Aja, a obra representa sem duvidas um dos melhores suspiros do subgênero nos últimos anos.