Reality Z

Reality Z
Data de Lançamento: 10/06/2020
Criador: Cláudio Torres
Distribuição: Netflix

Baseada na minissérie britânica Dead Set (2008), de Charlie Brooker, Reality Z nos joga para um Rio de Janeiro em meio ao apocalipse zumbi. Os primeiros 5 episódios são uma adaptação direta da produção inglesa. A segunda parte, porém, é uma criação original, que dá continuidade a série e traz uma maior complexidade à história.

Olimpo é um reality show no melhor estilo Big Brother, porém com o adicional cafona de que os confinados devem se vestir como deuses gregos. A apresentadora do programa é Divina, vivida – brevemente – por Sabrina Sato. Temos também Guilherme Weber interpretando de forma bastante dedicada e caricata, Brandão, o diretor do programa – o Zeus do Olimpo.

Os primeiros episódios fazem diversas referências visuais e estéticas à minissérie de Brooker, em especial no estilo de filmagem nas cenas de perseguição. Os zumbis são velozes e ágeis como em Madrugada dos Mortos (2004) de Zack Snyder. O roteiro nos apresenta uma situação interessante e coloca os personagens em meio a dilemas. Contudo, algumas atuações atrapalham levemente a experiência, hora por serem demasiado caricatas, hora por não convencerem.

Nina é uma personagem muito interessante. Ela rapidamente toma o protagonismo na luta contra os zumbis, porém seus planos são frustrados por um descontrolado Brandão, que consegue convencer outro integrante a se unir a ele. A primeira parte da série termina concluindo realmente a trama, ou seja, acabando com todos os personagens.

A partir do 6º episódio, o grupo que domina a casa muda. Eles não possuem relação com o primeiro núcleo de personagens. A partir desse ponto, Reality Z traz os temas sociais de maneira mais forte , explorando os horrores do convívio em sociedade, através dos problemas sociais que não terminaram junto com a “civilização”.

Essa segunda parte, por mais que apresente conceitos interessantes, como o dilema do processo de seleção para entrar na casa, não trás nada de novo ao gênero. De fato, algumas discussões acerca de problemas sociais são exageradamente explícitas. Os diálogos de Teresa (Luellem de Castro) soam artificiais, apesar da competência da atriz. O final traz um tom desnecessário de lição de moral.

Reality Z possui conceitos interessantes, mas se perde justamente nos pontos que, a princípio, são suas qualidades. Demoramos um pouco para nos acostumar ao segundo núcleo de personagens e a trama que se desenrola vai perdendo força a medida em que se aproxima do último episódio. Apesar desses defeitos, a série tem a grande qualidade de apresentar o apocalipse zumbi dentro da realidade brasileira. Assim, não é difícil se conectar à história e aproveitá-la.