Título: O rastro da serpente
Autora: Larissa Prado
Editora: Skript Editora
Páginas: 108
“O mal não está apenas à nossa volta, não é um ser com chifres e rabo pontudo te visitando à noite. Ele nasce por dentro.”
O livro da escritora de horror Larissa Prado, lançado pela editora Skript por meio de um financiamento coletivo via Catarse, rapidamente se tornou um sucesso entre os fãs da escritora. “O rastro da serpente” conta a história de uma mulher que é dominada por uma estranha força. Depois de uma vida traumática de abusos e humilhações, Kyra é influenciada por uma antiga entidade reptiliana. Mais do que uma história sobre possessão, este livro fala sobre a redescoberta de forças internas, que nem sempre serão benéficas.
Na história acompanhamos Kyra, uma professora que enfrentou diversos e pesados traumas e agora se vê envolvida em uma situação muito mais complicada do que é capaz de compreender. Um divórcio conturbado, sintomas de depressão e problemas financeiros são o pano de fundo para uma história ainda mais aterradora que chega a colocar em dúvida a sanidade da personagem.
Larissa Prado é assertiva ao nos fazer pensar até onde nossas mentes podem ir em situações extremas. Tristeza, sofrimento, luto e traumas de infância são demonstrados de forma que não deixam apenas cicatrizes, mas produzem marcas indeléveis na alma.
A construção da personagem e sua relação com o mundo a fazem ser totalmente crível e muito familiar, apresentando por vezes sentimentos tão humanos quanto possível, até que não mais que de repente tudo o que vimos sobre sentimentos e a forma como encará-los se torna uma história de terror e possessão.
A forma como Larissa Prado escreve seu texto é surpreendente, já que ela se utiliza de diversos artifícios e arquétipos que conseguem transformar a figura de uma professora quase que indefesa e depressiva em um ser poderoso, alterando substancialmente e quase eliminando a Kyra apresentada no início da trama.
O simbolismo entremeado no texto nos conduz por caminhos inesperados, a trama nos prende do início ao fim e acaba nos fazendo imaginar todos os cenários relatados conforme prosseguimos com a leitura. As ilustrações de Gio Guimarães conversam perfeitamente com a história e só aumentam ainda mais a atmosfera aterrorizante de cada página.
