Crítica | She Dies Tomorrow

(She Dies Tomorrow)

Data de Lançamento: 07/08/2020 (EUA)

Direção: Amy Seimetz

Distribuidora: Neon

 

O que aconteceria se de repente você sentisse que iria morrer amanhã? Não apenas um sentimento, mas a completa certeza de que os momentos finais da sua vida estão chegando? E o pior: e se essa certeza fosse contagiosa? É daí que parte a trama de She Dies Tomorrow, na qual acompanhamos Amy, uma garota apática que a partir do contato com algo não identificado desenvolve a certeza de que ela tem apenas mais um dia de vida. Pelo menos é o que ela fala a sua amiga Jane, que, depois de alguns momentos, desenvolve a mesma certeza

 

A finitude da vida é uma das maiores aflições do ser humano, a ideia de efemeridade que nos move é retratada em diversas obras e, aqui, a roteirista e diretora Amy Seimetz – a Rachel do remake de Cemitério Maldito (2019) – a aborda a partir de um conceito aparentemente sobrenatural, onde as pessoas que entram em contato com os “infectados” (por falta de palavra melhor) desenvolvem a confirmação de que estão prestes a morrer.

 

Em uma pegada que lembra muito o recente Corrente do Mal/It Follows (2014) e com uma ambientação e direção que lembra bastante o Melancolia do controverso diretor Lars Von Trier, com bastantes cenas onde não acontece muita coisa, focadas apenas em uma protagonista inerte ou divagando sobre a finalidade da sua vida, o drama de 86 minutos segue sem cenas chocantes ou jump scares, abordando de forma totalmente psicológica seus personagens. Talvez por conta da curta duração ele não aborda muito bem, justamente, sua protagonista, dando mais destaque a Jane (Jane Adams, Poltergeist) que em seus monólogos transmite de forma clara a batalha entre a aceitação e negação de seu fim.

 

O elenco não conta com nomes de peso, Chris Messina (Aves de Rapina) talvez seja o mais conhecido junto com uma pequena participação de Michelle Rodrigues (Resident Evil) e Olivia Taylor Dudley (The Magicians) mas de forma geral todos estão muito bem em seus papéis. Os atores e atrizes conseguem trabalhar bem principalmente o antes e o depois do contato de seus  personagens com a “entidade”.

 

Entidade essa que nunca é explicada de verdade no filme. A “infecção” com toques surreais acontece a partir da exposição de um jogo de luzes de todas as cores com um close no rosto dos personagens e é isso. Sem mais explicações eles, a partir daquele momento, sabem que irão morrer no dia seguinte.

 

A abertura à imaginação do público com o que acontece de fato é um componente importante para a obra, que você precisa assistir de peito aberto e se entregar. A trama pode ser um pouco complicada de início, mas por fim se desdobra em acontecimentos bem interessantes.