XVII Fantaspoa | A Cabeleireira

A Cabeleireira
(The Stylist)
Data de Lançamento no Brasil: 09/04/2021
Direção: Jill Gevargizian
XVII Fantaspoa

Baseado no curta homônimo de 2016, A Cabeleireira (2021) é o segundo longa da diretora, roteirista e produtora Jill Gevargizian. O filme conta a história de Claire, uma cabeleireira assassina que retira o escalpo de suas vítimas, remetendo ao clássico O Maníaco (1980). Uma de suas clientes, Olivia, insiste para que ela faça seu penteado de casamento, o que vai desencadear uma grande tragédia.

Najarra Townsend está excelente no papel da assassina. A personagem possui um jeito estranho de agir, pouco trato social, o que deixa tudo ainda mais bizarro – e amedrontador. Claire fica realmente obcecada por suas vítimas. A assassina parece ter um vazio de experiências em seu ser, e por isso, ela busca viver as experiências de outras pessoas, através do uso do escalpo das vítimas.

O roteiro é bem macabro. A diretora não nos poupa das cenas sangrentas. A violência está lá, diante das câmeras, mas não de um modo exploratório. A construção cinematográfica é delicada, as mortes acontecem tal como uma sinfonia. O ponto alto do filme é justamente esse contraste entre os momentos em que a cabeleireira se realiza, na maior parte, os assassinatos, e os momentos em que ela é perturbada pelo seu passado – ou pela falta deste.

Claire desenvolve uma obsessão por Olivia. Passa a espioná-la, chega até mesmo a invadir sua casa para vestir suas roupas e utilizar outros objetos íntimos. Esse anseio por viver as experiências da outra atinge um nível perturbador na última cena que, por mais que seja um pouco previsível, não decepciona em nenhum segundo de sua execução. É realmente magistral.

O maior problema do filme é justamente nesse alongamento da história. Ele poderia ter, facilmente, meia hora a menos. Algumas cenas que não levam a nada poderiam ser cortadas, deixando a narrativa mais centrada no que realmente importa: a obsessão de Claire. Devido a isso, em alguns momentos sentimos o tempo passar mais devagar, porém nada que desanime. O final faz tudo valer a pena.