XVII Fantaspoa | Entrei em Pânico ao Saber o que Vocês Fizeram na Sexta-Feira 13 do Verão Passado

Entrei em Pânico ao Saber o que Vocês Fizeram na Sexta-Feira 13 do Verão Passado
Data de Lançamento: 23/12/2001
Direção: Felipe M. Guerra
XVII Fantaspoa

O título é grande, assim como a capacidade do diretor e roteirista, Felipe M. Guerra, de nos divertir. A quem está lendo eu já deixo um recado, essa não será uma crítica tradicional. Esse filme conversa com o eu adolescente que por anos procurou assisti-lo. Finalmente, graças ao Fantaspoa, consegui realizar esse que já havia se tornado um sonho. Portanto, o texto que se segue é recheado de sentimentalismo.

Entrei em Pânico ao Saber o que Vocês Fizeram na Sexta-Feira 13 do Verão Passado (2001) é uma produção independente de Felipe M. Guerra, filmado em Carlos Barbosa/RS. O sotaque gaúcho do interior dá um charme especial aos diálogos. O filme é uma grande homenagem e, ao mesmo tempo, uma grande paródia ao subgênero slasher. Referenciando as franquias PânicoHalloweenSexta-Feira 13Eu Sei O Que Vocês Fizeram No Verão Passado, entre outras, o espectador já é arrebatado no primeiro “Olá Cíntia!”, que estabelece que esse é um filme 100% brasileiro.

É impossível não rir com todas as referências e piadas, desde a pergunta do assassino, “Pânico 3 tem roteiro?”, até a discussão sobre cerveja barata travada por dois personagens. Uma cena em particular tocou fundo o meu coração. Goti, um dos personagens principais, está assistindo O Massacre da Serra Elétrica (1974), em VHS, diretamente da coleção de seu irmão – a coleção pertence a Guerra. Seu irmão pergunta o que ele está achando, ao que Goti responde que não há nada de sangue. O colecionador de fitas, então, ejeta os assassinatos de Leatherface e coloca Fome Animal (1992), um dos meus filmes prediletos.

É dia da formatura de Goti e seus amigos. Antes de irem para a festa, eles planejam o famoso “esquenta”. Vários adolescentes se reúnem em uma casa, um cenário perfeito para um assassino mascarado surgir e estripar todo mundo. Goti convida até mesmo a moça com quem estava falando online, o que rende uma cena nostálgica com internet discada e sala de bate papo da ICQ.

Entrei em Pânico… é um filme realizado por um fã de horror para fãs do horror. O roteiro é quase uma conversa em mesa de bar, de tão divertido. A risada vem a todo momento com as sacadas satíricas do diretor. Mas não é por nos fazer rir que não exista uma certa tensão em relação aos assassinatos. Os efeitos práticos improvisados são um charme à parte e a revelação do assassino me fez pensar “Como eu não adivinhei isso antes? Estava na cara!”.

O roteiro apresenta uma reviravolta digna dos slashers dos anos 1980 enquanto brinca com todos os clichês do subgênero em um momento em que, impulsionada por Pânico (1996), ocorreu a produção de uma nova grande safra de slashers, assim como ocorreu após Halloween (1978). No caso do filme de Guerra, a matança tem sotaque gaúcho.

Por fim, quero deixar registrada a recomendação para que quem estiver lendo assista a essa maravilhosa obra de arte. Com toda a certeza vai valer a pena pelas risadas, pela nostalgia e pela conversa de fã que sentimos ter com o diretor. Agora é esperar quando será disponibilizada a sequência, Entrei em Pânico ao Saber o que Vocês Fizeram na Sexta-feira 13 do Verão Passado Parte 2 – A Hora da Volta da Vingança dos Jogos Mortais de Halloween (2011).