Fazendo Companhia
(Keeping Company)
Data de Lançamento no Brasil: 09/04/2021
Direção: Josh Wallace
XVII Fantaspoa
Fazendo Companhia apresenta Noah (Ahmed Bharoocha) e Sonny (Devin Das), dois jovens vendedores de seguro de vida. O primeiro está prestes a se tornar pai pela primeira vez e enxerga o duro cotidiano sempre com esperanças de que tudo melhore, enquanto o segundo é extremamente competitivo com relação ao mercado de trabalho e assombrado pelo pai, que tem um restaurante e o considera uma vergonha para a família por não seguir seus passos. Paralelamente a isso há sua chefe Paula (Gillian Vigman), uma mulher totalmente sem escrúpulos e que, sob a falsa proposta de uma futura promoção a Sonny caso dobre suas metas, o pressiona a sair com seu parceiro para irem de porta em porta vendendo mais alguns. O que eles não esperavam era perseguirem um homem até sua casa, após se envolverem em um acidente de trânsito, e ficarem presos dentro da residência do desconhecido.
Estreando em longas, o cineasta Josh Wallace acerta em cheio na direção mesmo contando com baixo orçamento, conduzindo com segurança as situações e mesclando o absurdo com o cômico de maneira satisfatória. Devin Das assina o roteiro ao lado de Wallace e, além do citado acima, eles criam um impressionante emaranhado onde tudo está ligado. E não só isso. O roteiro ainda critica o mundo corporativo onde o mais importante é o bem-estar dos empresários e não dos clientes e funcionários, passando ainda pela decadente política de acabar com a violência nas ruas usando a violência como propõe um candidato da cidade, ainda e explora os subúrbios como um celeiro escondido de violência.
Alternando montagem não-linear e utilizando uma trilha sonora sinistra, o longa é produzido com uma linda fotografia, principalmente em ambientes noturnos e escuros dentro dos ambientes, onde as fontes de luzes permitem “mostrar” ao espectador o perigo à espreita. Vale menção também o pontual uso das inúmeras flores que cercam a conversa da “Vovó” (Suzanne Savoy) e Lucas (Jacob Grodnik), o homem perseguido do início, em determinado momento, além do belíssimo momento em que Paula tem literalmente sangue nas mãos e suas armas mais poderosas são a lábia e um telefone ensanguentado. Sobra espaço para usar a música brasileira Timoneiro, de Paulinho da Viola, para expor o estado de espírito dela.
Oferecendo certa homenagem a produções que englobam desde O Massacre da Serra Elétrica a Dexter, Fazendo Companhia facilmente bebe das origens dos roteiros repletos de reviravoltas à la irmãos Coen em início de carreira, deixando um gosto satisfatório e esperançoso de que Josh Wallace possa trazer mais filmes interessantes, principalmente se contar com orçamentos mais expressivos de agora em diante.