Crítica | A Maldição do Poço

A Maldição do Poço
(Kaali Khuhi)
Data de Lançamento: 30/10/2020
Direção: Terrie Samundra
Distribuição: Netlflix

Novo horror indiano da Netflix, A Maldição do Poço traz a história de Shivangi, uma menina de 10 anos que tem que enfrentar um terrível mal para sobreviver. Sua família, que mora na cidade, vai até a vila natal do pai, pois a mãe dele se encontra muito doente. Somado a isso, o casal está com problemas no casamento, que apenas se acentuam com a mudança.

O tema abordado é bastante tradicional no cinema indiano. O tropo Vila versus Cidade é um tema constante em produções dos mais diversos gêneros. A Vila aparece como o local da tradição, mas também como o local do desconhecido, daquilo que se teme, pois não se entende. A história é centrada em Shivangi, que cresceu na cidade, mas a família paterna a liga ao ambiente da vila.

Anos antes do nascimento de Shivangi, a vila foi acometida por uma epidemia e uma garota da aldeia passou a ver espíritos. Muito tempo depois, o mesmo acontece com a protagonista, que através de um livro, vai descobrindo sobre a história da vila e os horrores que ela guarda em segredo.

O mal se concentra no poço, a fonte da maldição “epidêmica”. Por vezes, o recurso de apresentar poucas explicações ao público reforça o mistério. Não é o caso de A Maldição do Poço, que deixa o espectador confuso e sem referências durante boa parte da história. As explicações surgem após uma hora de filme. A duração toda é de 1h30, um tempo curto em comparação a outras produções indianas.

A qualidade do roteiro oscila ao longo da produção. O mesmo pode ser dito da condução da diretora Terrie Samundra – este é o seu primeiro longa-metragem. A parte mais interessante talvez esteja nos 15 minutos finais. Infelizmente demora muito para chegar la. A Maldição do Poço é uma decepção em uma leva de bons filmes de horror indianos que a Netflix vem produzindo desde 2018.

O filme demora para abraçar a mensagem principal, que é uma crítica ao patriarcado e à misoginia, em especial no que se refere à tradições muito antigas e que perduram na cultura e na religião. É claro que a produção conversa mais com a realidade indiana, mas a crítica feita é universal. É uma pena que existam problemas que atrapalham fortemente a imersão.