Anjos da Noite: Guerras de Sangue

Anjos da Noite: Guerras de Sangue
(Underworld: Blood Wars)
Direção: Anna Foerster
Data de Estreia no Brasil: 01/12/2016
Distribuição: Screen Gems

O primeiro filme da franquia “Anjos da Noite” estreou nos cinemas há 13 anos atrás (eu sei o que você está pensando, estamos todos ficando velhos). Semelhante a outra franquia do cinema, “Resident Evil” (2002), Anjos da Noite conta com uma mulher protagonizando filmes de ação que se apropriam de alguns elementos do terror, zumbis no caso dos filmes estrelados por Mila Jokovich e vampiros/lobisomens nestes protagonizados por Kate Backinsale. Quanto a qualidade dos filmes baseados na famosa saga de games parece haver uma certa divergência de opiniões. O mesmo não acontece com relação a Anjos da Noite: talvez com exceção do primeiro, todos os filmes restantes são majoritariamente considerados ruins pela crítica e pelo público. Infelizmente, mas de forma esperada, este filme de 2016 não é nenhuma exceção.

Enquanto escrevo esta crítica tento pensar em algum ponto positivo para destacar sobre “Anjos da Noite: Guerras de Sangue”. Reflito que provavelmente nem mesmo os envolvidos com a produção seriam capazes de tal façanha. Este é claramente o tipo de filme que não contou com a empolgação de absolutamente ninguém além dos executivos interessados em seu retorno financeiro. É possível observar no semblante de todos os atores um completo descaso e falta de esforço na composição de seus personagens, o que por sua vez justifica-se pela mediocridade risível do roteiro. Minha crítica não se dirige aos atores, pois isto seria injusto. Lendo diálogos estúpidos como este, aposto que ninguém iria se sentir minimamente disposto a empreender qualquer esforço para fazê-los parecer menos ruins.

Acabei de perceber que não dei nenhuma sinopse sobre o filme, mas acreditem: não é necessário. O roteiro escrito por Cory Goodman simplesmente regurgita em tela a maior quantidade possível de clichês retirados de filmes de ação e adiciona uma pitada de reviravoltas absolutamente previsíveis que só ocupam tempo. Há inclusive no começo do filme uma “recapitulação” de acontecimentos anteriores, numa clara tentativa de atrair e acolher um novo público para uma franquia que já está em seu quinto filme. Por um lado a decisão é interessante, uma vez que são muitos filmes para acompanhar. Por outro, ninguém liga. Há neste “Anjos da Noite” uma série de flashbacks que tentam dar peso a ações passadas e uma coesão a franquia, mas conseguem apenas ser exaustivos e atrapalhar a “história” atual.

A estreante diretora Anna Foerster é provavelmente a única que se esforça para mostrar serviço neste filme. Há porém uma diferença muito estranha entre as cenas de ação que ocorrem na primeira metade do filme e as presentes em seu clímax. No começo elas são verdadeiramente péssimas, com cortes excessivos que tentam desesperadamente disfarçar a má qualidade das coreografias e da computação gráfica empregada. Por outro lado, as cenas de batalha no terceiro ato são minimamente empolgantes e conseguem se destacar um pouco frente ao restante do filme ( o que convenhamos, não é nada difícil). Outro ponto a ser destacado é que o filme contém um forte elemento gore, algo que eu não esperava e que certamente agradará algumas pessoas.

De maneira geral, “Anjos da Noite: Guerras Sangrentas” é um filme com uma (meia) qualidade positiva dentre um mar de escolhas equivocadas e rumos narrativos clichês e previsíveis. Os personagens são péssimos e a interação entre eles é tão ruim que nem Meryl Streep conseguiria ser indicada a um Oscar atuando nesse filme. Kate Backinsale, por sua vez, tem de tomar cuidado para não se juntar a Nicholas Cage na mentalidade do público como uma atriz que só estrela filmes de qualidade duvidosa. Uma direção de uma estreante com muito gás, mas pouco material para trabalhar, não é nem de longe suficiente para que “Anjos da Noite” seja qualquer coisa além de um péssimo filme, uma triste mancha em um ano que vem sendo tão bom para os fãs do horror.

 

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