Crítica | A Morte do Demônio: A Ascensão

Evil Dead Rise

Direção: Lee Cronin

Ano: 2023

País: EUA

Distribuição: Warner

Nota do crítico:

A franquia Evil Dead não tem nenhum filme ruim. O mais novo título, A Morte do Demônio: A Ascensão (2023), apenas reforça essa máxima. Mudando o cenário da cabana no meio da floresta para um prédio decadente e condenado, o filme do irlandês Lee Cronin (The Hole in the Ground, 2019) traz tudo aquilo que queremos ver, mas sem nenhuma inovação.

A cena inicial se passa numa floresta, com a famosa câmera em movimento que Sam Raimi eternizou já no primeiro filme. Porém, como já é usual nesses reboots/remakes/sequências-legado, é introduzida uma quebra de expectativa com uma piada, parodiando um elemento clássico da franquia. Já foi feito tantas vezes que se tornou um clichê desse tipo de filme. Não é uma reclamação. Quando o clichê é bem feito, ele funciona.

Após o letreiro inicial, conhecemos as duas protagonistas, as irmãs Beth e Ellie. A primeira volta aos EUA, após uma turnê da banda com a qual trabalha, e a segunda atravessa um processo de divórcio e mudança de casa, já que, dentro de um mês, o prédio em que mora com os três filhos, Danny, Bridget e Kassie, será demolido.

No terreno do prédio funcionava um… banco. Nesse momento podemos até dizer que surpreende. O roteiro foge de colocar que o prédio foi construído em cima de um cemitério, de um velho mosteiro ou de um portal para o inferno. Um terremoto acaba abrindo um buraco no chão da garagem. A abertura dá para o antigo cofre do banco, que guarda segredos terríveis – nesse ponto o filme até se parece um pouco com o recente O Exorcista do Papa (2023). 

Danny toma a decisão de entrar no buraco que não sabe direito onde vai dar, pega discos de vinil misteriosos e um livro, que nessa nova versão não se chama mais Necronomicon e não possui mais uma face em sua capa – uma perda em termos estéticos, eu diria. No lugar, o Naturon Demonto, possui presas afiadas que selam a abertura. O novo livro também é encapado com pele humana e escrito com sangue.

Após colocar um dos discos para tocar, reproduzindo a voz de um padre que citava as palavras malditas do livro, a “capirotagem” começa. É muito sangue, muita violência, sustos, traumas e mais um pouco de sangue. Tudo o que fãs da franquia querem assistir. Nisso, Cronin é muito efetivo. Seu filme é, sem dúvidas, parte do universo de Evil Dead. Os papeis de Sam Raimi, Bruce Campbell e Rob Tapert como produtores foram, com certeza, fundamentais para isso.

A maquiagem é muito boa – à exceção de uma cabeça decepada que é muito falsa – e efetiva em criar o sentimento de repulsa. A cor do sangue é linda, gerando imagens maravilhosas ao mesmo tempo que nojentas em tela. A edição de som – apesar de ter achado inconstante ao longo do filme – tem momentos de glória, ainda mais quando assistimos ao filme na sala de cinema. O som se move pelas poltronas, ao ponto de gelar a espinha em algumas cenas.

Um grande destaque vai para Alyssa Sutherland, que se entregou completamente ao papel. Suas cenas vão do drama ao horror em questão de segundos e a atriz conduz essa mudança de forma natural – ou seria melhor dizer de forma sobrenatural?

O roteio não enrola, não demora a acontecer. O filme já começa engatado. Apesar de ter um momento de calmaria, tudo volta à insanidade muito rapidamente. Os personagens não possuem chance nenhuma de descansarem – nem os espectadores. O ritmo frenético ajuda muito na imersão e nos faz ignorar completamente a falta de novidades. A Morte do Demônio: A Ascensão (2023) é um horror muito bem produzido que vai agradar aos fãs da franquia.