Crítica | Batem à Porta

Knock at the Cabin
Direção: Nome do Diretor

Ano: 2023

País: Estados Unidos

Distribuição: Universal

Nota do crítico:

Sempre que um novo filme de Shyamalan é anunciado, diversas expectativas são criadas. Em um RdMCast recente, exploramos os altos e baixos da carreira do diretor que se tornou o rei do plot twist e, em seguida, virou um dos nomes mais infames de Hollywood. Desde A Visita (2015), sua carreira está em alta, mesmo que Vidro (2019) não tenha recebido muitos elogios.

Batem à Porta (2023) coloca uma família de frente com o Apocalipse. Quatro estranhos armados chegam na cabana onde estão hospedados o casal Eric e Andrew e sua filha Wen. O primeiro a aparecer é Leonard (Dave Bautista), que de maneira muito incômoda, tenta fazer amizade com a criança e anuncia que coisas terríveis irão surgir.

O papel parece em sintonia com o que Bautista tem pretendido em termos de direcionamento de carreira. Recentemente o ator declarou que deseja focar em papéis mais dramáticos, se distanciando de personagens engraçados – como o Drax de Guardiões da Galáxia. Leonard concede para ele uma grande carga dramática. É um personagem que vive um dilema. Ele quer lutar pelo que acha certo, mas sua ação tem limites éticos e místicos.

A família é confrontada com uma decisão, sacrificar um de seus membros e impedir o fim do mundo, ou deixar a humanidade morrer. O casal Andrew e Eric debatem longamente sobre o que estaria acontecendo. O quarteto seria formado por membros de um culto? Se trata de um crime de homofobia? Seriam eles assassinos sádicos que brincam com as vítimas?

À medida em que as horas passam, a situação fica mais bizarra. O personagem de Rupert Grint nos concede o primeiro choque e dá argumentos para que o espectador construa diferentes explicações para a situação. Em diversos momentos nos questionamos sobre a sanidade dos personagens envolvidos, a veracidade das informações fornecidas por cada um e a lógica dos raciocínios.

Em partes, lembra as dinâmicas de A Visita (2015) e Fragmentado (2017), que a todo momento forçam o espectador a refletir sobre o que está realmente acontecendo, mas fica por aí. Batem à Porta (2023), apesar das excelentes atuações por parte de todos os atores, possui um roteiro previsível, sem os famosos plot twists do diretor.

O foco do novo filme de Shyamalan são os diálogos, o drama e o sentimento de não saber o que vai acontecer – embora este último seja questionável, pois, como dito anteriormente, vários passos do roteiro são previsíveis. Não há grandes explicações, algo que considero positivo. Todos sabemos o que aconteceu com Fim dos Tempos (2008), outro filme apocalíptico de Shyamalan.

Vale a pena assistir nos cinemas? Com certeza. É fácil se envolver com a história, criar afeição pelos personagens e embarcar nos dilemas éticos apresentados. Não é o melhor filme do diretor, mas está longe de ser uma bomba. Batem à Porta (2023) é um show de atuação, direção e direção de arte. É muito interessante ver Shyamalan explorando outras possibilidades de construção de narrativa.