Crítica | Come True

Come True
Data de Lançamento: 12/03/21
Direção: Anthony Scott Burns
Distribuição: IFC Midnight

         Imagine que “A Hora do Pesadelo”, “Donnie Darko” e “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” se fundissem em prol de construir um filme de suspense/terror. “Come True” é basicamente isso. Porém vale salientar que, se você é um fã do gore do Freddy, não irá encontrar esse elemento aqui.

         Em “Come True” conhecemos Sarah, uma jovem que não consegue dormir há algum tempo. Ela tem pesadelos recorrentes que levam Sarah a se inscrever em uma pesquisa de uma instituição que estudará suas noites de sono em troca de dinheiro. O problema é que essa pesquisa esconde um outro objetivo, muito mais sombrio.

         Anthony Scott, diretor – também co-roteirista, trabalha na fotografia e na trilha sonora do filme – conta uma história minimalista. Contando com praticamente dois personagens durante todo o longa, ele cria uma mitologia com poucas palavras. Mitologia essa que pode ser bem familiar para alguns.

         Se você teve acesso a internet na década passada, com certeza viu alguma foto como essa em alguma rede social, falando sobre milhares de pessoas ao redor do mundo que sonharam com esse homem alguma vez na vida.

         Em “Come True” temos algo muito similar. Uma sombra, entidade, que de alguma forma se mostra presente em sonhos de várias pessoas é o ponto principal da investigação relativa à trama principal. O que eles são, se realmente significam algo? Ninguém sabe ao certo. Falando em “sombra” o longa é dividido em três capítulos que em tese são os três atos do filme. Em cada um desses atos existe algo chave que vai ser muito importante para a finalização dessa história.

         O filme praticamente opera numa constante de estranheza. Seja a iluminação que embaça as ações, as longas sequências que parecem não ter nenhum propósito, as cenas de sonho que se espelham de forma similar na “realidade” em certos momentos, além de um momento que se assemelha muito a um clipe new wave.

         Apesar de ser um filme bom, com uma ótima mitologia, “Come True” é muito devagar em seus dois primeiros atos, além de ser bem difícil de entender o propósito final desta pesquisa que está fadada ao fracasso. Praticamente, não existe background para a protagonista e, a princípio, só podemos contar com a angústia da mesma e o carisma da atriz Julia Sarah Stone (The Killing).

         Em seu segundo longa – apesar de já possuir alguns créditos no currículo – Anthony Scott cria uma história interessante e com ótimos momentos, apesar de algumas falhas. Apesar de não ser um filme de fato assustador, o suspense presenciado em “Come True” leva o telespectador a continuar intrigado por algum tempo após o longa – principalmente depois do final.