Crítica | Followed: Influência Maligna

Followed: Influência Maligna
(Followed)
Data de Lançamento: 23/02/2021
Direção: Antoine Le
Distribuição: Atlas Distribution Company 

         De tempos em tempos o interesse do público sobre determinados casos misteriosos ou locais mal assombrados volta à tona com força total. Esse parece ser o momento no qual o Cecil Hotel e o caso da jovem Elisa Lam estão voltando a ganhar força nas redes sociais e nos cinemas. Recentemente tivemos o documentário da Netflix “Cena do Crime – Mistério e Morte no Hotel Cecil” que resume a história do infame hotel e foca no caso da jovem canadense desaparecida e, posteriormente, encontrada morta no local, sob “circunstâncias misteriosas”.

         Embora o filme tenha sido gravado em 2018, calhou de chegar em alguns países apenas em 2021. No Brasil, o filme chegou diretamente em plataformas online como o “Telecine Play”.

         No found footage tecnológico, acompanhamos um youtuber focado em horror e ambientes assombrados. Ele é desafiado por uma empresa a chegar em 5.000 inscritos até o dia das bruxas e, caso consiga, ganhará um enorme patrocínio. Para isso, Mike (Matthew Solomon) convoca mais três amigos para juntos passarem um final de semana no – fictício – Hotel Lennox, que possui várias histórias macabras em seu passado. O que eles não esperavam era que brincar com fantasmas teria suas consequências.

         Com sua história completamente inspirada no Hotel Cecil e em Elisa Lam, “Followed” cria sua atmosfera para que, através dos vídeos do canal do protagonista, acompanhemos o que ocorreu nos três dias em que os jovens ficaram em Los Angeles. O filme de 1h36min passa sua primeira metade apresentando os personagens e praticamente nada acontece aqui, apenas jumpscares e uma história ficcional baseada em fatos reais.

         Apesar de serem quatro os personagens principais, o protagonismo fica entre Mike, o cético criador de conteúdo que expõe soluções racionais e inverossímeis para os acontecimentos sobrenaturais do Hotel e seu melhor amigo, Chris (Tim Drier), que é a pessoa que acredita em todos os acontecimentos e calha de realizar as piores escolhas durante o longa.

         O filme tem bons momentos, como a sequência do “ritual do elevador” ou alguns momentos de perseguição no hotel, porém é inegável que faltou um pouco mais de pulso do diretor Antoine Le para arrancar reações mais viscerais de seus atores. Mesmo diante de fantasmas com serras elétricas eles mantém uma cara blasé.

          Mike é um personagem clichê, mas que tem suas motivações muito claras durante o desenrolar da história. O que começa como uma crítica do diretor e do roteirista sobre a inconsequência dos jovens perante a possibilidade de fama rápida nas redes sociais chega em um homem que também está fazendo isso pelo bem de sua família (embora a primeira opção seja claramente a mais forte).

        Followed” é um found footage moderno, subgênero popularizado por “A Bruxa de Blair” (1999), mas que justifica a partir de sua sua premissa o motivo de os personagens continuarem filmando diante de coisas claramente perigosas. Logo, não dá para falar muito sobre a fotografia do filme, já que a maior parte dele é gravado com câmeras de mão e mal iluminado para criar sustos no escuro. Além disso, as aparições fantasmagóricas aqui possuem um aspecto de holograma na maior parte do tempo.

        Followed” consegue empregar uma boa atmosfera, mas perde muito com uma trama que, quando chega ao final, é completamente broxante e mal elaborada. O filme ganharia muito mais se finalizado 10 minutos antes, mantendo a aura de mistério ou assumindo ser algo tramado, como no recente “Sem Saída”. Ao decidirem abrir margem para algo de cunho familiar, a galhofa tomou conta sem dó.