Crítica | Glorious (2022)

Glorious

Direção: Rebekah McKendry

Ano: 2022

País: Estados Unidos da América

Distribuição: Shudder

Nota do crítico:

De alguns anos para cá tem se tornado cada vez mais difícil assistir algo que traga uma sensação de “história original”. Não no sentido de “algo que eu nunca vi igual”, mas no sentido de não ser um remake, reboot, continuação ou revival. Com isso, Glorious já ganha vários pontos para mim. 

Em Glorious acompanhamos a jornada de Wes (Ryan Kwanten) depois que a vida dele vira de cabeça para baixo após parar no banheiro de um parque. Você pode esperar qualquer coisa desse ambiente: um assaltante, um assassino mascarado, coisas mais picantes… mas ninguém te prepara para o que vem a seguir. 

À primeira vista é bem difícil não simpatizar com Wes. O homem parece estar sofrendo por um relacionamento que acabou e no meio do caminho acaba entrando numa armadilha absurda. Um clássico caso de “lugar errado na hora errada”. 

O filme se passa quase que completamente em uma única locação, mas a narrativa em nenhum momento deixa com que isso restrinja a forma de contar a história. Além de diálogos bons, a iluminação também ajuda a contar a história nos levando por diferentes lugares sem sair do local. Além de, é claro, momentos mais fora da casinha, com o uso de animações ou flasbacks “customizados”.

O que começa como um possível trote, se desenvolve para algo que beira o ridículo e perturbador. É um quebra-cabeças que vai se revelando cada vez mais ilógico enquanto vai sendo montado. Mas quando conseguimos ver o quadro todo, tudo muda. 

Apesar disso tudo, o filme é bem humorado na sua maior parte. Inicialmente ele é quase uma comédia, que vai ganhando contornos diferentes até chegar na sua finalização.

A partir daqui preciso entrar em alguns tópicos que podem ser considerados como spoilers, então, estejam avisados.

Na verdade, Glorious se trata de uma história de horror cósmico. Wes, na verdade, está preso em um banheiro enquanto conversa com uma entidade ancestral chamada Ghat, que está em um box fechado do local. Esse possível ser super poderoso precisa de um “favor físico” do homem, e apenas assim ele poderá ser libertado. 

Ghat, que tem a voz do J.K. Simmons, é nosso condutor pelo que vai acontecendo – e que também vai levando o protagonista por todos os estágios possíveis até entender que aquilo ali é algo real. 

Ryan Kwanten e J.K. Simmons conduzem o filme muito bem, contando com poucos outros nomes que surgem ocasionalmente para ajudar a contar a história. Os efeitos visuais utilizados, apesar de não serem tantos, ainda são ótimos, e são em sua grande maioria práticos. Assim como a maquiagem e a ambientação que além de muito boas, ajudam a transformar a experiência em algo cada vez mais nojento – até porque ainda estamos falando de horror cósmico aqui. 

Ouso dizer que Glorious é, inclusive, um dos melhores exemplares do gênero no cinema. Apesar de não ser um dos mais conhecidos, ele consegue imergir muito bem na energia sinistra da “criatura que não poderá jamais ser compreendida por olhos humanos, podendo transformar qualquer um que o veja em papa apenas por não entender tamanha magnitude”.

Não digo que o final é totalmente chocante pois ainda é um pouco previsível, mas ainda assim, Glorious é uma ótima experiência visual que promete agradar aqueles que adoram coisas nojentas e engraçadas ao mesmo tempo.