Crítica | Oxigênio

Oxigênio
(Oxygen)
Data de Estreia no Brasil: 12/05/2021
Direção: Alexandre Aja
Distribuição: Netflix

Já imaginou acordar em uma câmara de criogenia e descobrir que só possui 90 minutos de vida, devido ao pouco oxigênio restante? Pelo visto, o diretor e produtor Alexandre Aja já, e resolveu nos contar essa história com a ajuda de ninguém menos que a brilhante atriz Mélanie Laurent. Dois anos após o sucesso de Predadores Assassinos (2019), o diretor resolve nos trazer um suspense dramático de ficção-científica, tão tenso e bem trabalhado quanto seu filme anterior. Continue lendo e saiba mais sobre essa co-produção francesa e estadunidense da Netflix.

Na trama de Oxigênio, uma mulher (Mélanie Laurent) acorda presa dentro de uma câmara criogênica, e precisa tentar manter a calma enquanto  corre contra o tempo para tentar sair dali com vida. Conforme o oxigênio vai acabando, ela encontra ainda mais um grande problema: ela não se lembra quem é, seu nome e muito menos o que está fazendo ali. Para tentar sair da câmara, ela precisará encontrar a forma certa de se comunicar com uma inteligência artificial chamada M.I.L.O. (Mathieu Amalric), sua única, e possivelmente última, companhia.

Desde a primeira cena hiper aflitiva do filme, fica claro para nós, espectadores, que uma das maiores armas da direção de Aja e do roteiro de Christie LeBlanc é e será o ato de transmitir exatamente a sensação de claustrofobia sentida pela personagem de Laurent. O pouco espaço para mover a câmera faz com que a direção e a fotografia tenham de trabalhar com closes bem próximos da atriz, enquanto o restante da câmara criogênica se encontra ocupado por inúmeros cabos e equipamentos tecnológicos. Isso sem falar do suor que escorre da testa da atriz, que por sua vez transmite muito bem todo o nervosismo e desespero de sua personagem, que precisa de alguma forma ser paciente em uma situação extremamente agonizante.

As gradativas descobertas da personagem, com a ajuda de M.I.L.O., sobre quem ela é e porque está ali, mantém nosso interesse e curiosidade sobre como essa história vai se resolver. Ainda que tentemos a todo tempo antecipar os acontecimentos da história e ligar os pontos em nossas cabeças, as reviravoltas inesperadas realmente funcionam em Oxigênio. A narrativa nos traz ótimas surpresas em diversos momentos, e quase não nos dá espaço para que respiremos aliviados, assim como não o dá à sua personagem principal.

É impossível assistir a obra sem lembrar de “Enterrado Vivo” (2010). A temática do personagem que acorda preso em um ambiente apertado e tenta correr contra o tempo para conseguir sobreviver não é exatamente uma novidade. Mas Oxigênio consegue trazer essa premissa para um universo sci-fi que funciona bem do início ao fim, a correlacionando com outras questões pertinentes como relacionamentos amorosos, sinceridade, e a busca pela vida após um contexto pandêmico, este último possivelmente muito relacionado às consequências da COVID-19.

O filme nos conquista com seu impressionante apelo visual, que conhece bem a importância dos detalhes para se contar uma história, e também com seu roteiro, capaz de nos tirar o fôlego perfeitamente utilizando praticamente uma única atriz e uma única locação. Se por alguns momentos Oxigênio parece estar caminhando para uma trama desinteressante, esse erro é rapidamente corrigido e somos arremessados de volta à narrativa, de forma impressionantemente sutil e funcional. A obra é sem dúvidas mais um acerto da Netflix e de um diretor com altos e baixos, mas que desde seus dois últimos longas tem se mostrado bastante consistente. Resta-nos esperar que essa consistência se mantenha, e que ainda tenhamos ótimas produções assinadas pelo cineasta nos próximos anos.