Crítica | Pânico VI

Scream VI
Direção: Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett

Ano: 2023

País: EUA

Distribuição: Paramount

Nota do crítico:

Com a mais ampla distribuição já feita para um filme da franquia, Pânico VI (2023) chegou aos cinemas com críticas favoráveis. Continuando a história de Pânico (2022), o roteiro apresenta o quarteto sobrevivente morando em Nova York. Apesar da nova ambientação, Ghostface não dá descanso e vai atrás do pessoal de Woodsboro, principalmente das irmãs Carpenter.

De início, o que é mais fácil de notar, já nos primeiros 10 minutos de filme, é a diferença de tratamento da personagem de Melissa Barrera. No filme anterior ela havia sido eclipsada pelo carisma e talento de Jenna Ortega, que interpreta Tara, a irmã mais nova da personagem. Dessa vez, tanto o roteiro, quanto a atuação de Barrera elevaram a personagem, tornando-a mais carismática e fazendo com que o público se preocupe mais com ela.

Sobre a atuação de Ortega, não é necessário se alongar muito. Seus trabalhos recentes tem a transformado em uma queridinha do horror – lembrando que ela esteve indicada a melhor atriz no Corvo de Ouro 2023. Em Pânico VI (2023) ela revive Tara de maneira muito competente e carismática. A atriz transita bem entre as diferentes emoções e situações vividas pela personagem.

Todo filme da franquia Pânico tem um alvo principal de sua ironia. O primeiro filme brincava com as regras dos slashers. O segundo ironiza continuações. O terceiro brincou com a obsessão pela origem dos terceiros filmes , mas não agradou a todos os fãs. Pânico (2022) ironizou as “requells”, as sequências-legado que estão na moda atualmente. O que restou ao 6º filme da franquia? Ironizar… franquias. As piadas funcionam menos do que as dos filmes anteriores – ao menos na minha opinião. A personagem de Mindy está bem menos inspirada do que no filme anterior.

Um ponto positivo está na ousadia da abordagem. Pânico VI não tem nada de revolucionário, nem de inovador, mas entrega o que esperamos que um Pânico faça. A ousadia está na direção, que consegue entregar cenas que nos grudam na cadeira do cinema, absortos no suspense e receando pela vida dos personagens. A cena da loja, a cena da escada e a cena do metrô são três exemplos de uma excelente direção que sabe fazer filme de horror.

Pânico VI se sai melhor do que o filme anterior, mesmo que em alguns momentos falte um pouco de brilho. Roteiro e direção estão aprimorados. Não é possível negar que é uma diversão ver a falta de pudor nas mortes. O novo Pânico tem sangue, tem violência, tem brutalidade. Há uma revelação de assassino já no início do filme, algo novo para a franquia. Tem, inclusive, cadáver armazenado em local indevido. Vale a pena assistir no cinema, mas sem o 3D, que é completamente dispensável e prejudica a experiência, pois deixa o filme muito escuro.

Os novos personagens, somados a Gale e Kirby, seguram bem aa franquia. Queria dizer que Sidney fez mais falta, eu achei que sentiria mais sua ausência, mas o roteiro soube se virar, mesmo dando uma explicação boba para o sumiço da protagonista da franquia, mas, de novo, o que eles poderiam fazer? Matar Sidney fora da tela não era uma opção e a atriz Neve Campbell estava certíssima em recusar o papel devido à remuneração que não condizia com a sua importância.