Crítica | Sorria

Sorria
(Smile)
Data de Lançamento: 29/09/2022
Direção: Parker Finn
Distribuição: Paramount

Longas de estreia sempre são importantes. Enquanto os curtas de festival servem como um espécie de cartão de visitas, o primeiro lançamento no cinema é a forma de o diretor mostrar ao público a que veio. Sorria (2022) é dirigido por Parker Finn, diretor do excelente Laura Hasn’t Slept (2020), que no Brasil apareceu na edição de 2020 do Fantaspoa.

Sorria (2022) não se trata de uma adaptação do curta mencionado, porém, é inegável ver algumas influências, sobretudo no que diz respeito à construção da paranoia e da degradação psicológica da personagem principal. A história gira em torno de Rose Cotter, uma terapeuta que trabalha 80h por semana em um hospital e vive em constante estresse. Ela presencia um suicídio bizarro e muito violento e, a partir de então, começa a ser assombrada pro uma aparição macabra que sorri de forma ameaçadora.

Finn poderia ter optado por um caminho de questionar a sanidade da personagem, para que os espectadores não pudessem dizer o que é real ou não. Sua opção, porém, foi outra. O diretor preferiu nos atacar com sustos muito bem posicionados. Sorria (2022) é uma aula de como fazer bons jump scares, mesmo aqueles mais previsíveis.

O estilo de filmagem suscita nossa ansiedade. Finn sabe trocar de planos mais fechados para planos mais abertos, sendo que nesses últimos, há sempre a presença de algum espaço aberto e escuro, como uma porta, uma janela, um corredor… enfim, lugares de onde esperamos que saia alguma assombração para nos assustar, o que aumenta a tensão.

Os dois primeiros terços do filme são muito bons e mantém um ritmo de tensão constante. Após o encontro de Rose com sua terapeuta, o que inicia o terceiro ato do filme, há alguns momentos de baixa no ritmo, sobretudo quando a aparição tem de se comunicar. Ela é muito mais ameaçadora quando silenciosa.

A trilha sonora é uma das grandes estrelas desse longa. A todo momento escutamos vozes, passos, sussurros, barulhos estranhos que, quando numa sala de cinema com o sistema de som bem distribuído, causam um grande pavor. É um filme feito para assustar e dar aquela injeção de adrenalina.

O trauma é a grande temática abordada. Rose é assombrada pela aparição sorridente, mas também possui fantasmas do passado que prejudicam sua vida pessoal. É um tema sensível tratado de uma forma que só o cinema de horror pode proporcionar.

Sorria (2022) só não merece uma nota mais alta por conta de, em mais do que alguns poucos momentos, se parecer demais com Corrente do Mal (2015) e até mesmo com a franquia O Chamado. Contudo, isso não prejudica o filme, só retira um pouco de sua originalidade.

Gostei muito de Laura Hasn’t Slept (2020) e Parker Finn conseguiu me empolgar novamente (e me fazer pular da cadeira do cinema) com Sorria (2022). Fica o apelo para assistir no cinema para ter uma experiência mais imersiva – e aterrorizante. Fica a expectativa para os próximos trabalhos do diretor.