Crítica | Kadaver

Kadaver
Data de Lançamento no Brasil: 22/10/2020
Direção: Jarand Herdal
Distribuição: Netflix

O horror norueguês Kadaver se constrói a partir de um medo que ainda resido de imaginário coletivo, embora tenha menos impacto do que há algumas décadas: a guerra nuclear. O filme dirigido e roteirizado por Jarand Herdal apresenta essa temática logo no início, a partir de algumas manchetes de jornal que já nos situam dentro daquele universo. A construção é bastante rápida, deixando a maior parte do longa para o real desenvolvimento da trama.

A história é focada na família de Alice, uma criança que sobreviveu ao desastre nuclear. Seus pais se empenham, mas cada vez mais está difícil conseguir comida. Um dia aparece um homem prometendo uma peça de teatro em um hotel próximo, com um detalhe importante: uma refeição grátis seria ofertada àqueles que adquirissem o ingresso. A mãe de Alice rapidamente adquire os ingressos para sua família, na esperança de trazer um pouco de felicidade para a menina.

A peça não é tradicional. A plateia recebe máscaras e é livre para caminhar pelas dependências do hotel, acompanhando os personagens. Como se trata de um filme de horror, é evidente que a peça não será algo divertido e, aparentemente, a plateia corre perigo. Tudo fica mais evidente quando Alice desaparece. Seus pais notam que há algo de muito real em meio à encenação.

O segredo escondido pelo teatro é terrível, mas um tanto quanto previsível. A partir de sua revelação, o roteiro acaba caindo em clichês e apostando em soluções estilo deus ex machina, o que reduz a potência narrativa da história. A solução encontrada por Leo, a mãe de Alice, no final é bastante interessante, porque se encaixa dentro do sistema que gere o hotel.

Kadaver nos remete a outra produção do serviço de streamingO Poço (2020), que também se propõe a discutir a desigualdade sob o viés do horror. Diferente do filme espanhol, Kadaver acaba se apoiando mais em clichês e é menos explícito ao mostrar os horrores daquele sistema. O final é oscilante. Por mais que a conclusão dos acontecimentos no hotel tenha um momento feliz, nos questionamos sobre o futuro das personagens.