Medo Viral

Medo Viral
(Bedeviled)
Data de Estreia no Brasil: 16/08/2018
Direção: Abel Vang, Burlee Vang
Distribuição: Fênix Filmes

O terror sempre se utilizou de objetos amaldiçoados para mover narrativas; e com o advento maior da tecnologia no nosso dia a dia essa interação não seria diferente. Temos ótimos exemplos de como este fator pode tornar o longa uma lenda, como aconteceu em O Chamado (2002) e seu VHS maldito seguido do telefonema, ou até mesmo no experimental Amizade Desfeita (2014) e seu usuário fantasma no Skype. Mas, infelizmente, não são apenas filmes bons que essas narrativas nos trazem: Medo ponto com ponto br (2002) vai estar sempre nas nossas memórias para lembrar o que de pior a junção do terror com a tecnologia amaldiçoada pode nos trazer; e bem no limiar desses exemplos vive Medo Viral.

Os Irmãos Vang cuidam de tudo no longa – do roteiro à produção – e isso pode ter sido um erro. Os diálogos são sempre expositivos e só existem para te jogar uma informação que vai ser literalmente usada na próxima cena; e o filme recicla essa ferramenta várias vezes dentro de sua estrutura, tornando o susto totalmente previsível. Em contrapartida, a direção trabalha muito bem junto ao Cinematografista (Jimmy Jung Lu) para criar a tensão nas cenas.

O que eu senti com relação ao roteiro do filme é uma falta de um novo tratamento. Você é apresentado aos personagens – até que de forma bastante interessante – e depois disso eles seguem apenas interagindo de forma artificial com o que acontece na trama. Como citado acima, a ferramenta de diálogos expositivos é utilizada várias vezes, e de maneira inteligente uma única vez, onde o personagem em questão está avisando os amigos sobre o problema de ter Apps desconhecidos no seu celular e o que eles podem roubar se você não tiver mais segurança, uma informação que parece boba, mas é muito bem utilizada no terceiro ato. Isso me faz acreditar que um tratamento mais bem pensado salvaria o roteiro de coisas como a motivação fraca do antagonista. Mostra, também, que os Irmãos Vang estavam apenas interessados em apresentar o App maldito e como seus personagens iam interagir com ele, não em montar uma trama bem desenhada.

Uma parte surpreendente do filme é a produção. Os Irmãos Vang entregam caracterizações ótimas, em especial no medo representado pela Avó (Bonnie Morgan), que é responsável pela melhor cena do filme.

No fim das contas, Medo Viral tem um argumento interessante e um roteiro fraco. A paixão dos diretores pelo gênero é palpável o filme todo, mas a maior lição que se pode tirar do longa é: Nunca baixem Apps sugeridos por amigos mortos.