Resenha | HQ – O Modelo de Pickman da Skript Editora

HQ O Modelo de Pickman 
Editora Skript 
Ano 2021

“O Modelo de Pickman” é um quadrinho nacional que adapta o conto homônimo de H. P. Lovecraft (Pickman’s Model), escrito em setembro de 1926 e publicado pela primeira vez na edição de outubro de 1927 da revista Weird Tales.

A revista em quadrinhos foi lançada em um formato um pouco maior do que o americano, com capa cartonada, miolo em papel couchê de alta gramatura, 48 páginas em preto e branco e lombada canoa.

A edição traz um excelente time de expoentes do cenário nacional de ilustração, com arte de capa de J.L.Padilha, roteiro de Jussara Nunes, arte dos quadrinhos de Rafael Danesin, um editorial de Romeu Martins e letras de Johnny Vargas, um dos sócios fundadores da editora Skript.

Na HQ vemos um conto de H.P. Lovecraft que é um pouco diferente da maioria dos textos do autor. O conto original foi escrito em formato de carta pessoal, tornando o leitor o destinatário daquela história. Desde o começo, o engajamento é instantâneo. Não apenas lemos a história, mas nos sentimos parte dela. O universo já conhecido de horror sobrenatural de Lovecraft é retratado com veemência e descrições concisas.

Na versão em quadrinhos lançada pela editora Skript, O modelo de Pickman trás uma amálgama de sci-fi com um horror mais presente, mais imediato e concreto, representado por uma criatura maligna que sabemos que pode estar em qualquer lugar e aparecer a qualquer momento.

O roteiro conta a história do pintor Pickman, que fascina o público com suas obras. Um de seus admiradores, um homem chamado Thurber fica impressionado com o mais novo trabalho do pintor. Pickman então resolve apresentar mais do seu processo criativo e obras inéditas a Thurber, quadros que retratam personagens da mitologia de Lovecraft, seus monstros e representações inspiradas no mais puro horror.

Conforme a história se aprofunda neste tour macabro pelas obras de Pickman o quadrinho nos coloca em uma posição de maior tensão e interesse, tudo isso muito bem representado pelas ilustrações de Rafael Danesin, que consegue captar toda a reação de Thurber ao conhecer as obras malditas do pintor.

Conforme as obras são reveladas o pintor começa a expressar sentimentos conflitantes, que vão desde o ódio até uma espécie de satisfação . A retratação segue cada vez mais tensa até nos levar a um final surpreendente.

Fica evidente que horror e misticismo se combinam de forma magistral nesse quadrinho. O leitor participa e consegue se ver dentro da história, imaginando as criaturas sinistras que retratam a maldade e saem das profundezas dos quadros pintados por Pickman. É um dos melhores exemplos de como uma adaptação de um conto de horror para os quadrinhos deve ser.