(The Wretched)
Data de Lançamento: 01/05/2020 (EUA)
Direção: Brett Pierce e Drew T. Pierce
Distribuição: IFC Films
Todos concordamos que o cinema independente de horror já nos trouxe ótimos (senão revolucionários) filmes, mas também diversas histórias pouco interessantes e com temáticas adaptadas de outras produções mais conhecidos. Ainda assim, tem sido cada vez mais fácil perceber qualidades em filmes de baixo orçamento, principalmente em estreias de novos diretores, do que em filmes comerciais saturados de dólares, pois um dos maiores fatores de um resultado ruim é a pressão de produtores de grandes estúdios em cima de roteiristas e diretores para garantir que andem na linha e reproduzam os mesmos clichês e fórmulas narrativas que o público convencional pretende/costuma consumir. Isso corta as asas da criatividade e dá margem para a produção de péssimos filmes de terror que são realizados a rodo todo ano. Entretanto, é triste quando lembramos de que liberdade nem sempre basta para um bom trabalho. The Wretched, apesar de boas intenções, não apresenta engenhosidade o suficiente para torná-las eficientes.
No filme, um jovem chamado Ben (John-Paul Howard) tenta lidar com o iminente divórcio de seus pais, enquanto presencia (e observa) acontecimentos bizarros envolvendo seus vizinhos, que pode estar ligado à uma força demoníaca.
O roteiro já começa errando. O protagonista de um filme deve nos cativar, mover a trama enquanto o espectador se identifica com suas ações. The Wretched faz exatamente o contrário ao mostrar o quão fútil e superficial seu personagem principal consegue ser. Ben nos afasta nas primeiras oportunidades que possui. Numa tentativa de aproximar a obra do público adolescente/jovem adulto, a trama ainda inclui subtramas como as complicações do divórcio de seus pais (muito mal abordado), além de um interesse amoroso que não acrescenta praticamente nada à trama.
Com leves influências de “A Janela Indiscreta” (1954), o filme mescla elementos de suspense com um mistério que nos intriga, ainda que brevemente. Porém se a obra acerta ao elaborar a tensão, dentro de pouco tempo desconstrói as qualidades do enredo ao inserir a exposição do terror imediato e previsível, regado à efeitos especiais e jump scares, envoltos em um bem bolado de situações que já vimos nas mais diversas histórias de horror.
Sem uma mensagem interessante para transmitir e sem uma originalidade que o sustente, The Wretched ainda vai contra tudo que construiu (ou pelo menos tentou) ao forçar o espectador a comprar a ideia de um plot twist sem fundamento, o que acaba nos frustrando e nos fazendo abandonar de vez qualquer esperança de uma boa conclusão, algo que evidentemente, e infelizmente, se confirma após os créditos finais.