O Sono da Morte
Data de Lançamento: 01/09/2016
Direção: Mike Flanagan
Distribuição: Playarte Pictures
O filme dirigido por Mike Flanagan, o mesmo de Doutor Sono (2019) e também responsável pela criação, roteiro e produção das séries A Maldição da Residência Hill (2018) e A Maldição da Mansão Bly (2020), entrou para o catálogo da Netflix no último dia 15 de novembro de 2020.
A trama do filme nos leva pela história de Jessie e Mark Hobson, interpretados por Kate Bosworth e Thomas Jane, um casal que após a morte de seu filho Sean, adota uma criança chamada Cody, representado por Jacob Tremblay, conhecido pelo excelente filme O Quarto de Jack (2015).
Entretanto, nada é tão simples quanto inicialmente se apresenta. Esse órfão tem um passado obscuro, um poder mágico que materializa seus sonhos e pesadelos. Os sonhos vêm para maravilhar as pessoas e os pesadelos para atormentar e matar. Com isso, Jessie e Mark então, devem descobrir o que fazer antes que a criatura misteriosa que povoa os pesadelos do menino, o “Canker Man”, acabe matando um deles, ou os dois.
O monstro que o persegue, tem ligação com seu passado. Mike Flanagan usa de elementos fantásticos e simbologia para transformar o até então drama familiar, em um conto de fadas que flerta com o horror.
O Sono da Morte (2016) nos traz a sensação de sentimentos contraditórios que nos alimentam durante as cenas. Não é um filme memorável, mas suficientemente bom para não ser detestado ou esquecido.
É necessária, em certos momentos, uma boa dose de suspensão de descrença, mas o acordo com o filme é fácil uma vez que a história de amor e luto do filme nos cativa. Podemos então, descartar algumas falhas na verossimilhança da trama, tais como, o processo de adoção que é absurdamente fácil e rápido e as portas que estão abertas ou fechadas de acordo com o desejo ou a necessidade do roteirista.
Por outro lado, a obra nos faz admirar certas escolhas, a cena em que descobrimos que Cody materializava parcialmente as pessoas, porque se lembrava delas, a partir de uma vaga memória do que elas haviam sido, já que em sua idade seu cérebro, ainda não permitia o detalhamento e refinamento daqueles detalhes.
Sabemos que os roteiros de Flanagan não são impecáveis ou sem brechas, mas silabamos que a construção da psicologia dos seus personagens é muito bem desenvolvida, criando uma assinatura perceptível que não é diferente em O Sono da Morte. Como o filme tem tempo de tela menor que as séries, a relação entre Cody e Jessie é muito rapidamente desenvolvida e outras características que poderiam ser melhoradas acabam ficando no caminho, em prol de concluir o filme dentro do tempo clássico de 90 minutos de exibição.
Merece destaque ainda, a beleza trazida pelo filme com a pureza de Cody, que faz o papel de fio condutor para a nossa realidade, de belíssimas formas de borboletas e ao mesmo tempo é a fonte de uma lembrança mal interpretada da sua mãe, que a transformou em “Cranker Man” o monstro.
O trabalho de fotografia, direção e arte nos mostra um trabalho básico com o intuito de nos inserir na história, sem grandes pretensões estéticas. A edição de som decepciona um pouco, com a inserção de jump scares bastante óbvios.
Na soma geral é um filme interessante, o final com ar tematicamente psicológico, pode não agradar, mas ainda assim é muito bem-vindo e foge dos clichês de sempre de filmes de terror. A tradução do título poderia ter seguido a literalidade. “Antes de eu Acordar” combinaria mais com o roteiro, já que no Sono da Morte, não ocorrem tantas mortes assim.
Por fim, o filme nos pede que nós ignoremos alguns erros e trivialidades, mas é uma boa opção de entretenimento e provoca discussões mais profundas do que o próprio roteiro pretendia nos entregar.