Crítica | Negra Como a Noite – Welcome to the Blumhouse

Negra Como a Noite
(Black as Night)
Data de Lançamento: 01/10/2021
Direção: Maritte Lee Go
Distribuição: Amazon Prime Video

“Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor”. Paulo Freire.

         Sendo lançado próximo a duas obras com a qual possui certa ressonância, Negra Como a Noite apresenta uma trama adolescente com uma crítica social importante, revestido por muita fantasia e uma introdução mais séria ao vampirismo para um público mais jovem.
         Em uma noite a vida de Shawna (Asjha Cooper) muda completamente ao ser atacada por vampiros. A adolescente então procura a ajuda do seu melhor amigo, Pedro (Fabrizio Guido) para ajudá-la a caçar os culpados. Esse é mais um filme da Welcome to the Blumhouse que aponta o dedo para processo de ‘remodelação’ de áreas periféricas, excluindo totalmente os integrantes de uma comunidade e criando uma relação social cada vez mais discrepante.
        
A direção de Maritte Lee Go é muito preocupada em mostrar um ambiente que vai além do pré concebido quando falamos em áreas periféricas, mostrando que existe beleza mesmo em ambientes negligenciados e ressaltando a importância histórica do local em que se vive para o momento.
        
Negra Como a Noite é definitivamente mais voltado para o público jovem, com um checklist de situações clichês que preenchem a tela, mas que envolve uma fantasia interessante e apresenta bons momentos de condução histórica. O longa aproveita um forte contexto real: a fama de Nova Orleans e seus vampiros devido aos livros de Anne Rice, a escravidão e o furacão Katrina.
        
Com momentos que misturam fantasia com realidade, o filme apresenta algo que normalmente não é comum de ser feito: vilões com motivações plausíveis. Embora não tão profundo quanto o recente A Lenda de Candyman, de Nia DaCosta, o antagonista apresenta um passado correlacionável onde, a partir disso, é possível entender um pouco mais sobre suas ações.
        
Além da mais recente Missa da Meia Noite e dos já citados livros de Anne Rice, a citação de Buffy, A Caça Vampiros também é interessante, visto que Buffy foi a introdução de toda uma geração no gênero é uma das personagens mais famosas no que se diz respeito a caçadoras.
        
Porém, apesar disso, existem muitas oportunidades perdidas no longa, oportunidades de aprofundar um pouco mais as questões apresentadas, saindo um pouco mais do lugar-comum, como o racismo institucionalizado que atinge a auto imagem da protagonista, por exemplo. Além disso, outro problema muito grande é o fato de que o filme é tão escuro quanto o episódio da Batalha de Winterfell de Game of Thrones, onde mesmo com a TV no brilho máximo, ficava complicado de entender o que estava havendo nas cenas.
        
Negra Como a Noite apresenta uma das narrativas mais interessantes até agora do projeto Welcome to the Blumhouse, onde mesmo com atuações questionáveis e uma trama que poderia ser mais tensa e intensa, envolve e até conscientiza bastante.