Eli

Eli
(Eli)
Data de Estreia no Brasil: 18/10/2019
Direção: Ciarán Foy
Distribuição: Netflix

Coincidentemente ou não, neste famoso mês do Halloween, a Netflix vêm lançando filmes de terror cada vez mais interessantes. Digo, desde o início de Outubro tivemos o fraco Campo do Medo, o regular Influência, e agora, finalmente, o muito bom Eli, produzido por Trevor Macy, homem responsável pelas últimas obras do diretor Mike Flanagan (Jogo Perigoso, A Maldição da Residência Hill). É uma evolução gradativa. Em Eli, temos uma combinação interessante de diversos elementos que compõem o gênero de terror. Do sobrenatural à doenças cientificamente explicáveis, o filme consegue nos entreter e nos manter questionando as intenções de todos os personagens durante seu começo, meio e fim.

Portador de uma doença rara que gera manchas vermelhas em seu corpo e dificuldade de respirar, o garoto Eli (Charlie Shotwell) é obrigado a viver dentro de um plástico, para não entrar em contato com as impurezas do ar e do mundo afora. Seus pais, buscam fazer de tudo para garantir o conforto e a segurança do garoto, mas apenas uma mulher chamada Dra. Horn (Lili Taylor, de Invocação do Mal) parece ser capaz de curar o garoto em sua mansão equipada, onde pode abrigar e tratar pacientes com baixa imunidade. Entretanto, os procedimentos de Horn e suas enfermeiras parecem não estar surtindo efeito, e Eli parece começar a ficar cada vez mais fraco, gerando dúvidas sobre o trabalho da Dra. e sobre sua honestidade. Aos poucos, Eli passa a presenciar acontecimentos estranhos e sobrenaturais que o fazem questionar sua própria sanidade, incluindo a amizade com uma garota misteriosa chamada Haley (Sadie Sink, de Stranger Things) que mora ao lado da mansão.

Já de cara notamos que o roteiro busca trazer personagens ousados e diferenciados, com um comportamento ou condição que foge do convencional. Não somente por um protagonista com uma doença rara, mas também, um ótimo exemplo é a forma como o pai de Eli trata o garoto, fazendo brincadeiras sem medo de ofendê-lo por sua doença (algo que Eli parece não se incomodar). Os atores se saem bem e cumprem com o esperado, principalmente Kelly Reilly (a mãe de Eli), que transmite bem as angústias de uma mãe submissa à seu marido, e que ao mesmo tempo se preocupa muito com o estado e o sofrimento de seu filho, enquanto tenta manter as esperanças de um futuro melhor para sua família.

O terror desta vez tem sua base em bons sustos e em cenas arrepiantes de tirar o fôlego. O diretor Ciarán Foy sabe construir e conduzir uma trama repleta de reviravoltas que consegue nos deixar tensos e simultaneamente curiosos para tentar desvendar os mistérios antes que o filme de fato nos mostre. Eli, apenas de sua condição, se mostra um jovem maduro para sua idade, o que facilita nosso envolvimento com os pensamentos e os esforços do personagem principal. Aqui, os tons frios dos cenários e os ângulos e movimentos de câmera nos ambientam em uma realidade duvidosa e carregada de enigmas, além de abrir espaço para que a trilha musical sufocante de Bear McCreary se faça presente desde as cenas de terror e suspense, até os pequenos momentos dramáticos.

Embora fiquemos constantemente com a sensação de que já vimos a história sendo contada diversas vezes (de formas diferentes) por outras produções americanas (e de fato vimos), o filme não faz questão de apostar na originalidade, e carrega consigo um enredo competente capaz de prender nossa atenção até nas cenas mais monótonas. Com um baixo orçamento (11 milhões de dólares), Eli prova que as boas produções de terror da Netflix possuem esperança, e que devemos continuar dando chances para histórias de horror tanto nas telonas, quanto nas plataformas de streaming.