Crítica | Sick (2023)

Sick
Data de Lançamento: 13/01/2023
Direção: John Hyams
Distribuição: Peacock

Desde o início da pandemia, como de costume, a arte se adaptou para mostrar a nossa nova realidade. Isso em todos os gêneros, e no terror não seria diferente. Ganhamos filmes como o ótimo “Host”, o sofrível “Safer at Home” e aqueles que tentam como “Last the Night”. Mas, com Sick, ganhamos um slasher que não usa a covid apenas como pano de fundo, como também a torna parte essencial da história.

Abril de 2020, início de todo o surto do vírus, duas amigas decidem quarentenar numa casa no meio da floresta para fugir da cidade e da maior possibilidade de adoecer. O que elas não esperavam era que um assassino mascarado as seguisse de forma implacável.

Sick é produzido pela Blumhouse e co-roteirizado pelo Kevin Williamson (que ajudou a moldar o gênero de slasher adolescente com “Pânico”, “Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado”, etc), então as expectativas já estavam altas. Felizmente, o filme não decepciona. 

A cena de abertura do filme é muito boa e apresenta um assassino sádico e engenhoso, assim como uma direção muito competente em ser frenética sem apelar para dez cortes por segundo nem exagerar na tremedeira. 

O filme se passa ao decorrer de uma noite e usa a iluminação de forma muito competente. O assassino costuma se esconder nas sombras, criando visuais muito bons. Uma cena gratuita, mas muito bonita do filme, também usa as cores de uma forma bem legal. Durante todo o longa temos diversos momentos onde acompanhamos o ponto de vista dos personagens, o que ajuda a elevar o suspense e nossa angústia. 

Aliás, fazia tempo que eu não me sentia tão angustiado vendo um filme. Como já dito, o assassino do filme tem o objetivo de matar todo mundo e faz isso sem pestanejar. O problema – para ele – é que as protagonistas são tão engenhosas quanto e não se rendem facilmente, o que nos proporciona diversas cenas de perseguição, coisa que está em falta no cinema slasher ultimamente. 

Falando sobre as protagonistas, temos Frankie (Gideon Adlon, Jovens Bruxas: Nova Irmandade) que só quer saber de festas, não usa máscara e é super doidinha. Ela viaja com Miri (Bethlehem Million, Flatbush Misdemeanors), que é o total oposto da amiga. Além delas, temos o DJ (Dylan Sprayberry, Teen Wolf), que tem um relacionamento meio conturbado com Frankie.

Os personagens não são os mais cativantes, mas não chegam a irritar. Elas ganham muitos pontos pelo fato de sempre revidar e criar estratégias para lutar contra o perigo. Uma vibe que lembra um pouco a Sidney Prescott, na verdade, que fazem o que podem com o que tem em mãos.

O problema maior de Sick, na minha opinião, está nos momentos em que ele tenta criticar as pessoas que ignoraram a pandemia e acabaram piorando tudo ainda mais, indo para festas e ignorando os protocolos de segurança. A crítica é totalmente e completamente válida, mas a forma que foi feita ficou piegas e engessada, quase cômica. 

Não que eu esperasse um texto rebuscado e intelectual em um slasher de menos de 1h30 de duração, mas eles podiam ter se empenhado um pouco mais nisso pois, de certa forma, dá para entender de onde ela vem… 

Outro ponto negativo do filme é que ele acaba repetindo coreografias durante os ataques. Pessoa tentando pegar uma arma enquanto o vilão a segura, pessoa se escondendo enquanto o assassino fica enfiando a faca até quase acertar alguém, embate em que um dos personagens fica segurando o braço do assassino com a faca super perto do rosto… enfim, são diversas sequências, que já são, por si só, clichês, e aqui se repetem de duas a três vezes. 

De forma geral, Sick é um bom filme. Entretém, te deixa nervoso e, provavelmente, vai satisfazer os fãs de slasher. Tudo indica que esse seja um esquenta para aquele que promete ser um dos maiores filmes do ano, Pânico 6